São Paulo – Paulo Gustavo começa a filmar nesta semana a continuação do grande sucesso Minha mãe é uma peça, cuja primeira parte levou 4,6 milhões de espectadores nos cinemas, a maior bilheteria nacional de 2013. Assumidamente inspirada na mãe do ator, Déa Lúcia, a personagem Dona Hermínia vai se ver às voltas com a síndrome do ninho vazio. “Juliano, filho dela, vai virar advogado e sair de casa e Marcelina, a filha, vai virar atriz, se mudar para São Paulo e dividir um apartamento com os amigos do teatro, que é claro que ela vai achar que é um chiqueiro”, adianta Paulo Gustavo.
A grande novidade do longa, que estreia dia 29 de dezembro, é a chegada de Patrycia Travassos ao elenco, interpretando a irmã da protagonista, Lúcia Helena, que tentará levar Dona Hermínia para morar com ela em Nova York. “Minha tia na vida real, que vive lá, me cobrou colocá-la no filme. Disse que iria fazer um motim no Facebook se não entrasse”.
A peça homônima que deu origem aos filmes e arrastou mais de 3 milhões de pessoas ao teatro voltará em cartaz no segundo semestre.
Quais serão as novas aventuras de Dona Hermínia?
Ela agora vai ter que lidar com a síndrome do ninho vazio. Os filhos, Juliano e Marcelina, vão sair de casa para seguir na vida profissional; ele será advogado e ela, uma atriz de sucesso. Marcelina vai se mudar para São Paulo e dividir apartamento com uns amigos do teatro. É claro que vai implorar para a mãe que não a faça passar vergonha quando visitar o apartamento. E é claro que Dona Hermínia vai chegar dando escândalo, dizendo que a casa é um chiqueiro, detonando com os amigos da filha.
Por que acha que a história faz tanto sucesso com o público?
É uma história que fala diretamente com a família, tanto com as mães que se alegram com o sucesso dos filhos e sofrem com a partida deles, quanto com os filhos que saem de casa. É evidente que o humor domina, mas também abri espaço para a emoção no roteiro. A tia de Dona Hermínia, por exemplo, vai sofrer com o mal de Alzeheimer e vai morrer nesse segundo filme. As famílias são assim: tem suas piadas, mas também seus dramas.
Por que esperou quatro anos para fazer essa continuação?
Porque eu precisava achar a história certa que fizesse sentido para voltar com Dona Hermínia e também evitar cair nas mesmas piadas. Desta vez, ela continua com o programa de televisão dela, que faz muito sucesso, só que leva para o estúdio todas as questões que a estão obcecando naquele momento.
Decidi também voltar com a peça ao teatro dez anos depois da primeira sessão, porque notei que muitas pessoas do meu público de hoje não assistiram. E acho legal, no momento estranho em que vivemos, falar de família, das relações de amor entre as pessoas.
Nesses dez anos, sua mãe, Déa Lúcia, também se tornou uma celebridade. Como ela lida com isso?
Ah, ela fica feliz quando a param na rua para dizer que curtem o jeito dela, que admiram o meu trabalho. De vez em quando a Fátima Bernardes e a Regina Casé a chamam para fazer uma participação e ela se diverte. Mas a essência da minha mãe continua; ela não é artista, embora tenha cantado na noite. Ela é muito lúcida, tem os pés no chão e, com quase 70 anos, está na fase de curtir a vida depois de anos de muito trabalho para nos dar educação.
Ela também teve a síndrome do ninho vazio quando você saiu de casa?
Eu só realmente tirei minhas coisas do meu quarto na casa dela quando me casei. Acho que ela sentiu, mas, ao mesmo tempo, se sente orgulhosa das minhas conquistas. Foi como com todas as mães, que se dividem entre a alegria de ver os filhos encaminhados e as saudades.
Seu casamento, no final do ano passado, mudou sua visão de família? (Paulo é casado com o dermatalogista Thales Bretas)
Eu estou mais feliz. Antes, o gay tinha aquela limitação de achar que não poderia passar de uma certa etapa da vida, que não formaria uma família, que não poderia ter filhos. Nós moramos no mesmo apartamento, que nós transformamos num lar. E queremos aumentar essa nova família, com a chegada dos filhos.
O sucesso dos seus filmes e do Vai que cola na televisão podem tirá-lo do teatro?
Nunca. Eu vivo do teatro, é ele que me alimenta, me sustenta e me dá minha independência e minha liberdade de escolher fazer o que eu quero. É o meu porto seguro. Agora mesmo estou escrevendo o roteiro de uma peça nova em que vou falar da trajetória de um ator quando ele começa a fazer sucesso. Terei seis palhaços contracenando comigo em cena e estou muito feliz de entrar nesse universo, porque é isso que eu me considero: um palhaço. Não tem nada melhor do que fazer os outros rirem.
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