Brasília – Um auxiliar de serviços gerais de Planaltina viveu a pior semana de toda a sua vida. Na tarde de 29 de maio, Alan Wenceslau, 27, foi preso por policiais militares quando chegava em casa, no Jardim Roriz. A acusação? O estupro de uma adolescente de 14 anos.”Eu fiquei desesperado. Não sabia o que estava acontecendo. Eles disseram que eu era procurado por estupro”, conta.
levado para a 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina) e interrogado. Disse ter contado aos policiais que trabalhou a manhã toda e que estava na companhia de pessoas que poderiam confirmar a sua história. Acabou sendo transferido para carceragem e, depois, para o Complexo Penitenciário da Papuda, de onde saiu na manhã deste sábado (3/6). “Não quiseram me ouvir. Queriam que eu confessasse isso, mas eu não fiz.”
Funcionário de uma escola pública na cidade, Alan iniciou o expediente às 6h. De acordo com o advogado dele, Rodrigo da Cruz Santos, apesar de não ter assinado a folha de ponto, colegas de trabalho confirmaram que ele estava no colégio. Por volta das 8h, a pedido do chefe, Alan ajudou a descarregar um caminhão em outra instituição de ensino da cidade. “Fui à delegacia falar com o delegado sobre essas testemunhas, mas não fui ouvido. O Alan disse que na escola tinha câmera de segurança e que todos saberiam onde ele estava. Ainda assim, não fomos escutados”, reclama Rodrigo.
“Não sinto nada “
Alan é solteiro e mora com os pais, um funcionário público e uma dona de casa. Quando conversou com a reportagem por telefone, estava a caminho de casa, na companhia do advogado. Ele disse que não conhece a jovem que o acusou de estupro e que não tem raiva dela pelo que fez. “Não sinto nada. Não sei quem é a menina. Nunca (a) vi. Pra mim não faz diferença. Acho que é uma pessoa ruim fazer isso com a outra. Nem me conhece e faz uma coisa dessas”, lamentou.
Perguntado como será a vida de agora em diante, ele responde que não sabe. “Espero que todos os jornais e TVs contem a minha história para que as pessoas vejam que sou inocente. Quero meu emprego e viver minha vida. Não fiz nada e não devo nada para ninguém”, afirma.
Por e-mail, a Divisão de Comunicação da Polícia Civil informou que, durante a investigação, várias testemunhas foram ouvidas. Ficou demonstrado que não ocorreu o crime de estupro comunicado pela suposta vítima. Ao ser confrontada com as novas provas, em seu terceiro depoimento, ela se retratou de suas versões anteriores, contando que toda a acusação feita era mentirosa e sequer tinha havido o crime de estupro. Diante disso, foi feito o pedido de revogação da prisão do acusado.
De acordo com o Sindicato dos Policiais Civil do DF (Sinpol), os investigadores desconfiaram da versão da adolescente e realizaram várias diligências, oitivas de testemunhas, checagem de câmeras de segurança, percurso da vítima e do acusado e tempo de deslocamento. Com isso, os investigadores descobriram a farsa. A adolescente responderá por ato infracional análogo ao crime de denunciação caluniosa. Se nada fosse feito Alan poderia responder injustamente por estupro de vulnerável. A pena é de 8 a 15 anos de reclusão.
Com informações Correio Brazíliense