Brasília – Era para ser apenas uma sessão da comissão geral sobre a Violência contra a Mulher, mas se tornou mais um capítulo atormentado da vida política do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
O parlamentar e seu filho Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), que também é deputado, reagiram às declarações de Ana Cláudia Macedo, representante do Coletivo Lésbico Coturno de Vênus, que criticou deputados que fazem apologia ao estupro e defendeu que o mandato deles fosse cassado. A fala da militante dividiu participantes da comissão, que foi alvo de xingamentos da família Bolsonaro.
O parlamentar reagiu às declarações dela, que fez menção a acusação contra ele por apologia ao estupro por ter dito que não estupraria a deputada Maria do Rosário porque ela não merecia.
A vice-presidente da OAB-DF lamentou que um encontro marcado para debater soluções para combater a violência contra a mulher tenha sido marcado por um momento de infelicidade de Bolsonaro. “É triste que parlamentares se sintam no direito de agredir uma mulher como a Maria do Rosário. O caso foi institucional, está tudo gravado”, disse.
Para exigir direito de resposta, Bolsonaro subiu à Mesa da Casa e confrontou Maria do Rosário. De um lado, aliados do deputado gritavam seu nome, de outro, militantes do movimento feminista entoavam o já conhecido “Machistas, fascistas, não passarão”.
Em sua fala, Bolsonaro desqualificou a ex-vice-procuradora-geral da República Ella Wiecko, que atuou na denúncia e acusou o cunhado de Maria do Rosário de estupro, dizendo que a parlamentar protege estuprador. Além disso, o deputado afirmou que a sessão era um “desserviço” às mulheres. A petista afirmou que não responderia as provocações por estar no comando da comissão.
Vale lembrar que Bolsonaro se tornou reú no Supremo Tribunal Federal (STF) após ser denunciado por entrevista na qual ele disse que a deputada Maria do Rosário não merecia ser estuprada. A Corte aceitou a denúncia em junho deste ano. O parlamentar responde por incitação ao crime, que tem pena de três a seis meses, e injúria, cuja punição varia de um a seis meses de detenção.
Com informações revista Exame.