MANAUS – Processar quem não fala bem dele, ou quem critica sua vida pública. Mesmo sendo parlamentar, essa tem sido a estratégia do deputado federal Amom Mandel (Cidadania), em Manaus. O pré-candidato a prefeito de Manaus mira portais, jornalistas, e até de páginas de humor e charges políticas com ações na Justiça..
Amom, que é filho da magistrada Elza Vitória de Sá Peixoto Pereira de Mello e neto do desembargador Domingos Jorge Chalub, recorre constantemente ao judiciário para impedir que seu nome seja noticiado da forma como ele não quer. Curiosamente, sempre ganha as ações, numa série de vitórias incomuns para outros políticos que, assim como ele, são questionados em suas atividades públicas.
Corrupção Memes, Portal do Holanda, Amazonas1, Agora Manaus, perfil @tretas_do_conservadoram, Ageu Berger Pontes, líder de movimento de direita, Sérgio Roberto Kruke da Costa, também líder do movimento direita amazonas, Cenarium e Alex Braga estão na lista de processados do parlamentar, que tenta a todo custo manter a imagem de “imaculado”, especialmente agora que deseja ser prefeito de Manaus.
A série de processos é alvo de críticas de jornalistas em Manaus, especialmente por violar o direito à liberdade de imprensa previsto em Lei, adequando-se a uma postura adotada em ditaduras.
Em um dos processos ao qual a nossa equipe teve acesso, Amom reconhece que é uma pessoa “pública” e que deve estar sujeito a críticas, mas, ao mesmo tempo, pede indenização para repor o que chama de danos à sua imagem.
“Apesar do autor ser um parlamentar, pessoa pública e consciente que sempre estará sujeito a críticas, há necessidade de se ponderar as críticas para as ofensas, e especialmente, quando já se nota uma conduta de verdadeira perseguição, que é o ato praticado pelo requerido em suas redes sociais”, diz o parlamentar, que nas suas redes sociais afirma que a imprensa deveria ser livre.
CONTRADIÇÃO
Apesar de defender em seus processos que não se deve atacar a imagem de um político como ele, uma rápida passagem pelas redes sociais de Amom mostra que ele mesmo usa e abusa da ironia contra seus adversários.
Do prefeito David Almeida, passando pelas forças de Segurança Pública do Amazonas e a todos os que são seus adversários.
Sem provas, Amom acusa nas redes sociais os policiais da Rocam de passaram por cima sua suposta autoridade, em uma abordagem realizada em Manaus, no mesmo local onde foi veiculo dele teria sido alvo de atentado há alguns anos. Notícia essa logo desmentida, já que o suposto atentado teria sido contra colaboradores, na véspera da eleição quando ele foi eleito deputado federal.
Este episódio também chamou a atenção de jornalistas em Manaus depois que Amon processou os sites que denunciaram a fake news, mostrando que o atentado contra ele não ocorreu, pedindo que as matérias fossem retiradas.
O comportamento de Amon causou estranheza na época. Pelo fato do deputado não ter processado os sites que divulgaram a fake news dele, e sim quem denunciou que a notícia era falsa.
No processo de Amon, dizia que seria prejudicado na campanha.
Recentemente, ele também se recusou a assinar o impeachment de Lula, contrariando mais uma demanda da direita, e fortalecendo o viés ideológico de seu mandato na Câmara Federal.
Em todos os processos, Amom, que já foi questionado por empregar seu advogado particular no gabinete, pede pagamento em dinheiro dos processados.
LIBERDADE DE IMPRENSA
A Lei 5.250, de 1967, aponta em seu Art . 1º: “É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou idéias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada um, nos têrmos da lei, pelos abusos que cometer”, algo que, pela demanda de processos, Amom parece desconhecer.
Até o momento o deputado não se manifestou sobre os processos, para além de dizer que está lutando para que sua imagem seja preservada. O espaço segue aberto para ele comentar sobre as iniciativas contra a impresa.