RIO DE JANEIRO | Maria Isabel dos Santos Monteiro Oliveira, de 65 anos, viu na morte do próprio filho a chance de continuar vivendo. A idosa, que era paciente renal grave, aguardava por um transplante de rim há 10 anos e acabou sendo contemplada com o órgão que pertencia ao próprio filho.

Magno Monteiro Oliveira, de 34 anos, teve morte encefálica decretada no dia 15 de julho, após um acidente de moto.

Depois de hesitar, a família do rapaz autorizou a doação de rins, fígado e coração, órgãos que salvaram a vida de quatro pessoas. No entanto, não tinha como escolher para quem seriam feitas as doações, já que é preciso enfrentar uma fila de doações.

Para a surpresa dele, um dos contemplados foi a própria Maria Isabel, que só soube da doação momentos antes da cirurgia.

“Nós ficamos muito abalados com tudo o que estava acontecendo e quando nos perguntaram sobre a doação, a primeira coisa que pensamos era que o rim poderia ser doado para a nossa mãe. Mas os médicos nos explicaram que não era possível escolher, que o procedimento é sigiloso e segue critérios. Ficamos sem chão”, conta uma das irmãs de Magno, Isabela Monteiro.

Isabela reconhece que chegou a ter um pensamento “egoísta” por não querer doar os órgãos de Magno para alguém que ela não conhece, mas Maria Isabel achou melhor ajudar outras pessoas.

“A nossa tristeza de hoje, vai se tornar a alegria de outras pessoas e, um dia, a tristeza de outra família será a nossa alegria”, disse a idosa.

Maria Isabel fazia hemodiálise há 10 anos e teve 100% de compatibilidade com o órgão do filho. O procedimento durou cerca de 3 horas e agora, ela tem a chance de carregar parte do filho com ela.

“A sabedoria da minha mãe fez a gente tomar a decisão certa”, disse Isabela. “A cirurgia dela foi um sucesso, independente da dor. É um momento muito difícil, um momento de perda. Realmente é algo que não tem como voltar atrás. Mas dessa experiência Deus fez um plano muito lindo nas nossas vidas e realmente a gente não explica os planos de Deus”, declarou a jovem.