Rio – O prefeito de São Paulo, João Doria, disse nesta terça-feira que os partidos de centro precisam se unir nos próximos meses em torno de uma candidatura, caso contrário a eleição presidencial de 2018 será definida entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
Doria, que é cotado para ser candidato à Presidência pelo PSDB, disse que não será um agente “fracionador em São Paulo e nem no PSDB”. Para ele, se não houver essa aliança, um representante da direita radical, Bolsonaro, ou da esquerda radical, Lula, vencerá a eleição.
Segundo ele, Bolsonaro e Lula estão fortalecidos e isso “acendeu” a luz amarela entre os políticos que não defendem um dos polos radicais. Pesquisa Ibope, divulgada no final de semana pelo colunista Lauro Jardim, mostrou que o ex-presidente e o deputado federal têm a maior preferência do eleitorado frente a quase uma dezena de nomes apresentados aos entrevistados pelo instituto.
— A hora é agora. Estamos a um ano da eleição. Se não aproveitarmos esses dois, três meses para consolidar uma aliança entre os partidos que têm essa mesma crença, a partir de abril será tarde — alertou o prefeito, que nos últimos meses tem protagonizado um embate dentro do PSDB com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para ver quem disputará a Presidência.
Doria disse ainda que é necessário um amplo arco de alianças para garantir tempo de TV suficiente para apresentar um projeto de governo e vencer os candidatos que ele classificou como radicais.
Questionado se essa aliança envolveria o PMDB e o presidente Michel Temer, o tucano afirmou que não é uma aliança em torno do presidente, denunciado duas vezes pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à Justiça.
— Não é em torno do Temer, mas o PMDB é uma sigla importante no processo de aliança no Brasil. O PMDB, o PSDB, o DEM, o PPS, o PP, o PR, O PRB, o PV, e o próprio PSB, ou parte dele. Não vejo candidatura vitoriosa no Brasil se esses partidos não estiverem aglutinados e unidos — explicou o prefeito de São Paulo a jornalistas após fazer uma palestra na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Doria negou que se aliar ao PMDB signifique um peso político para essa aliança, mas disse que nesse momento é preciso medir ônus e bônus para as eleições brasileiras.
— Nesse momento é a defesa do Brasil, não é a defesa nem do PSDB e nem do governo Temer. Se não houver capacidade de união desses partidos em torno de candidaturas maduras, efetivas e transformadoras, nós entregamos a eleição de 2018 para dois candidatos, para Lula e Bolsonaro. O bônus (dessa aliança) é uma candidatura fortalecida ajudar a criar esperança para o Brasil. O ônus é a falta de uma candidatura que unifique o país — argumentou.
Questionado sobre uma eventual candidatura do apresentador Luciano Huck, ele disse que não acredita que ela seja capaz de aglutinar os partidos.
— Respeito e gosto muito do Luciano, que é meu amigo. Mas não creio que essa é uma força aglutinadora. Precisamos da força partidária — sentenciou.