MANAUS – AM | O escritor, professor, geógrafo e líder indígena Yaguarê Yamã cresceu ouvindo histórias de dois povos indígenas que compõem sua ancestralidade: os maraguás e os sateré-maués. Através dessas histórias, o artista passou a escrever livros infantis, com uma forma de aproximar crianças das origens dos primeiros povos habitantes da região. Já foram mais de 30 títulos escritos por ele.
Em entrevista para o Itaú Social, ele falou sobre uma de suas obras, que foi selecionada para o programa Leia para uma Criança, do banco Itaú, que em 2020 propôs um edital para que os livros da edição 2021 considerassem a representatividade dos povos negros e indígenas.
O livro Olhos do Jaguar conta a história de um jaguar, um tatu e um passarinho. É uma dessas histórias que Yamã conheceu na infância e que agora, seguindo a tradição dos povos originários, transmitem o ensinamento a crianças, pais e educadores.
“Os olhos do jaguar é contada pelo povo sateré-maué. A minha mãe é do povo maraguá, mas esse povo por muito tempo foi tido como parte do povo sateré. Só em 2004 ele foi considerado um povo diferente por causa dos seus costumes e tradições. Não se sabe exatamente qual povo contou primeiro, pois ela é transmitida há gerações, mas, mesmo sendo antiga, traz um tema muito atual, que é o bullying“, diz ele.
Para Yaguarê, aproximar as crianças através dos livros faz com que elas não tenham pensamentos enraizados e ultrapassados como a maioria dos adultos têm, principalmente nas regiões sul e sudeste, onde ainda se tem a imagem de que os indígenas andam nus.
“Para o adulto a gente tem que ensinar que o indígena não vive nu. Esse pensamento é muito arraigado no pensamento do paulista, do carioca, mas o trabalho com as crianças é realmente o bônus que a gente conquista”.
Para isso, o aturo faz questão de sempre trazer novas palavras de origem indígena para ensinar sobre a sua cultura a outras pessoas.
“Faço questão de fazer um glossário com palavras em nheengatu, porque temos que levar o conhecimento pra gente de fora; se vamos combater o preconceito, é dessa maneira. Estamos cada vez mais fugindo da nossa origem, e essa história reforça esse pedido para que a gente volte à origem, volte à nossa essência”, ressaltou ele.
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