Brasília – O juiz Sérgio Moro e os advogados do ex-presidente Lula voltaram a bater boca em audiência de testemunhas hoje no processo em que o petista é acusado na Operação Lava-Jato. No ápice da discussão, o juiz gritou com o advogado Juarez Cirino dos Santos, um dos defensores de Lula no caso.
O debate ocorreu devido a uma pergunta feita pelo procurador Paulo Roberto Galvão de Carvalho para a testemunha Mariuza Aparecida da Silva Marques, engenheira civil da OAS que trabalhou no tríplex cuja propriedade o Ministério Público Federal atribui a Lula como forma de pagamento de vantagens indevidas da empreiteira ao ex-presidente.
Galvão de Carvalho questionou Mariuza se, durante uma visita que a ex-primeira-dama realizou ao imóvel, Marisa Letícia foi tratada como possível compradora ou alguém a quem a propriedade já havia sido destinada. Uma das advogadas de Lula, então, questionou Moro afirmando que a pergunta já havia sido feita e Mariuza havia respondido que Marisa e Lulinha eram potenciais clientes. Moro rejeitou o protesto da defesa e pediu que não fossem feitas novas intervenções.
Após o procurador repetir a pergunta, Juarez Cirino do Santos voltou a protestar contra a pergunta e Moro afirmou que o advogado estava sendo inconveniente.
— Você não pode cassar a palavra da defesa — respondeu Cirino.
— Posso, porque o senhor está sendo inconveniente — disse Moro.
Segundo Cirino, o procurador estava pedindo a opinião da testemunha, não os fatos. Moro, então, levantou a voz:
— Doutor, está sendo inconveniente. Já foi indeferida sua questão. Já está registrada e o senhor respeite o juízo! — gritou.
— Eu? Mas, escuta, eu não respeito Vossa Excelência enquanto Vossa Excelência não me respeita enquanto defensor do acusado. Vossa Excelência tem que me respeitar como defensor do acusado, aí então Vossa Excelência terá o respeito que é devido a Vossa Excelência. Mas se Vossa Excelência atua aqui como acusador principal, Vossa Excelência perde todo respeito.
— Sua questão já foi indeferida, o senhor não tem a palavra — disse Moro, que novamente pediu para que a pergunta fosse feita.
Na resposta, Mariuza afirmou que Marisa e Lulinha foram tratados, na visita, como pessoas a quem o imóvel já estava destinado. Além de Mariuza, outras três testemunhas que participaram das reformas realizadas pela OAS no tríplex foram ouvidas hoje.
As informações são do O GLOBO.