Manaus-AM| Em março deste ano, em meio a crise do novo coronavírus na Europa, o pugilista britânico Billy Joe Saunders publicou um vídeo em suas redes sociais ensinando homens a bater em suas companheiras se elas resolvessem discutir durante o isolamento.
Logo depois da postagem, Saunders foi suspenso do esporte pelo Conselho Britânico de Controle de Boxe. Nesta semana porém, a suspensão foi convertida em multa de 15 mil libras, algo em torno de 100 mil reais. O dinheiro será doado a instituições de caridade.
No vídeo, publicado em suas redes, Saunders aparecia espancando um saco de pancadas próprio para a luta e fazendo afirmações como “Se sua ‘patroa’ está enchendo o saco e você tenta ser paciente”, disse o boxeador. “Depois do sexto dia você está prestes a explodir”, completou, desferindo socos no aparelho de prática do esporte.
O atleta alegou que cometeu um erro bobo e que nunca apoiou a violência doméstica. Ele recebeu uma pena considerada leve por instituições de defesa da mulher do Reino Unido. Não se sabe se as organizações-destino têm como fim a redução da desigualdade de gênero ou o combate à violência contra a mulher.
A violência é algo gradual. A agressão física nem sempre é o primeiro ato do agressor. Geralmente, o relacionamento abusivo tem início com pressões psicológicas, humilhação e falas que minam aos poucos a autoestima da vítima.
Não faltaram casos de mulheres em situação de cárcere privado durante a quarentena. Além disso, o confinamento dificulta as denúncias e o Disque 180, específico para denúncias de violência doméstica, existe uma subnotificação nos casos (números caíram 8% nacionalmente).
A atitude de Billy Joe Saunders é um reflexo da masculinidade frágil, do mal uso do esporte e evidencia uma situação real que mata mulheres todos os dias no planeta. Instituições feministas do Reino Unido julgaram que a pena para o pugilista foi insuficiente.