São Paulo – Uma nova espécie de cobra jararaca foi encontrada no Espírito Santo. A boa notícia, porém, vem acompanhada de uma má notícia: de acordo com o artigo descritivo do animal publicado no periódico científico Zootaxa, a serpente recém-descoberta já está em risco de extinção.
A serpente foi encontrada na Ilha dos Franceses, a cerca de 140 quilômetros de Vitória, capital do Estado. A espécie recebeu o nome científico Bothrops sazimai, em homenagem ao naturalista Ivan Sazima, professor do Museu de Zoologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). De acordo com os primeiros resultados da pesquisa, esta jararaca tem hábitos noturnos, é semiarborícola – isto é, vive sobre as árvores e no solo – e se alimenta de pequenos lagartos e centopeias.
Para identificar o animal, os cientistas analisaram e fotografaram 58 membros da espécie,cruzando os dados com mais de 150 animais de outras espécies para comprovar o ineditismo desta nova cobra. Apenas cinco exemplares da Bothrops sazimai foram coletados para que sejam levados para museus de ciências naturais.
Até este momento, apenas três espécies de jararacas haviam sido encontradas em ilhas brasileiras, todas na costa de São Paulo: a Bothrops insularis, conhecida como jararaca-ilhoa, encontrada na Ilha da Queimada Grande; a Bothrops alcatraz, ou jararaca-de-alcatrazes, nativa da Ilha de Alcatrazes; e a Bothrops otavioi, da Ilha Vitória.
EXTINÇÃO
Apesar de eufóricos com a descoberta, os cientistas alertaram para os riscos de extinção da espécie. Devido à pequena área de ocorrência, que tem a presença constante de turistas, esta jararaca pode estar em risco gravíssimo de ser extinta. “O fato de que a serpente tem toda a sua população restrita a uma pequena ilha facilmente acessível a partir da costa a torna única para estudos ecológicos e evolutivos, mas também altamente ameaçada, especialmente se considerarmos que o local já sofre deterioração pela ação humana. Essas alterações no habitat natural ameaçam sua preservação e precisam ser observadas”, alerta Ricardo Sawaya, da Unifesp, no artigo que apresentou e descreveu a espécie.
No artigo, os cientistas já recomendam que a espécie seja enquadrada na categoria CR – Criticamente em Perigo, a mais elevada da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). “Acreditamos que a sugestão seja considerada na próxima rodada de avaliações da IUCN e que o animal seja incluído na Lista Vermelha da organização, que avalia o estado de conservação de plantas, animais, fungos e protistas, chamando a atenção da comunidade internacional para que sejam tomadas medidas de conservação”, explicou Ricardo Sawaya.
A equipe responsável por encontrar a nova espécie é formada por cientistas brasileiros de diversas instituições, entre elas a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Icmbio).
Com informações Revista Galileu.
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