MANAUS (AM) – A defesa do agente de portaria Kaio Claudino de Souza, de 25 anos, preso como suspeito de ter matado a servidora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) Silvanilde Veiga, de 58 anos, afirmou que tem dúvidas sobre a autoria do crime. O advogado Sérgio Samarone Gomes disse que vai trabalhar em cima dos autos da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).
“O que fica pela defesa é: existe um partícipe, um mandante? Ele simplesmente, do nada, como ele sempre trabalhou em condomínio, é réu primário, tem boa conduta, ficha criminal zerada. Aí, do nada, ele resolveu cheirar um pó e matar ela? Tenho minhas dúvidas”, observou o advogado, que afirmou, ainda, que vai pedir diligências da DEHS.
Nesse momento, segundo Sérgio Samarone, é preciso entender a dinâmica da investigação que chegou até o nome de Kaio. Segundo o delegado titular da DEHS, Ricardo Cunha, a marca de sangue na camisa do agente de portaria e as imagens dele no elevador, de forma muito nervosa, foram essenciais para indicar o que tinha acontecido.
No entanto, em entrevista para a imprensa na saída do Instituto Médico Legal (IML), na terça-feira (1º), Kaio afirmou que, apesar de estar muito drogado de tanto cheirar cocaína, ele lembrava de ter dado apenas um golpe em Silvanilde. Ela, segundo a perícia, foi morta com 12 facadas. “Ela virou e foi um acidente. Saí assustado correndo e ela ficou com a mão no pescoço”, disse o agente de portaria.
Sobre a afirmação do suspeito, o advogado disse que avalia tudo que foi dito. “A gente vai analisar com calma os fatos, as provas, fazer uma leitura melhor do que ocorreu. Se ele tá pegando pressão, se tá sendo ameaçado ou ofereceram alguma coisa pra ele”, explicou Samarone.
10 dias
De acordo com o delegado Ricardo Cunha, após a prisão de Kaio a DEHS tem até 10 dias para concluir o inquérito e encaminhar ao Ministério Público (MP-AM). Para a especializada, foi um crime de “oportunidade”, onde o suspeito viu a possibilidade de roubar a vítima, mesmo jogando o celular da servidora após o crime.
O homicídio foi caracterizado como latrocínio (roubo seguido de morte). Kaio passou por audiência de custódia e se encontra preso na BR-174.
Defesa Silvanilde
O corpo jurídico de Silvanilde elogiou o trabalho da polícia e disse que Stéphanie Veiga, filha da vítima, foi julgada pela população. “Faltou empatia da sociedade para com a Stéphanie”, disse a advogada Talita Lindoso.
Ainda não há a informação se a família da servidora vai querer processar o condomínio, que deveria resguardar a segurança dela.
O presidente do Sindicato dos Agentes de Portaria do Amazonas (Sinpofet-AM), Francisco Matias, informou que Kaio não poderia ficar andando pelo condomínio. “O agente de portaria só pode ficar na portaria. Não poderiam ter dado a função dele verificar as ocorrências do condomínio porque ele não era vigilante”, explicou.