A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou nesta quarta-feira (11) a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). Segundo o órgão, o número de pacientes infectados, de mortes e de países atingidos deve aumentar. Apesar disso, os diretores ressaltam que a declaração não muda as orientações e os governos devem manter o foco na contenção da circulação do vírus.
Na prática, o termo pandemia se refere ao momento em que uma doença se espalhou por diversos continentes com transmissão sustentada entre as pessoas.
Também o diretor-executivo do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, ressaltou que a declaração não significa que a OMS vá adotar novas recomendações no combate ao vírus.
“A declaração de uma pandemia não é como a de uma emergência internacional – é uma caracterização ou descrição de uma situação, não é uma mudança na situação. (…) “Não é hora para os países seguirem apenas para a mitigação” – Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da OMS
Mitigação é a estratégia de saúde pública que busca sobretudo cuidar dos doentes e públicos prioritários. Como afirmaram os diretores, a OMS ainda acredita que a contenção da circulação do vírus precisa ser buscada por todos os países e é apontada como pilar das ações.
Nesta tarde, ao chegar ao Congresso, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a declaração de pandemia já era esperada e que ela não muda nada na prática. Ele retomou uma crítica que já tinha feito antes à OMS, afirmando que o órgão demorou para usar essa definição.
Antes da declaração da pandemia, a definição de casos suspeitos usada no Brasil excluía viajantes que retornavam da África e Américas do Sul. Agora, segundo Mandetta, serão investigados como possíveis casos suspeitos pessoas que voltarem de qualquer viagem ao exterior e apresentarem febre e mais um sintoma (dificuldade respiratória, dor no corpo e/ou tosse).
“Pandemia não é uma palavra para ser usada de maneira leviana ou descuidada. É uma palavra que, se mal utilizada, pode causar medo irracional ou aceitação injustificada de que a luta acabou, levando a sofrimento e morte desnecessários” – Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS
Ressalva da OMS
Os diretores da OMS ressaltaram ao longo das suas exposições que o quadro da circulação do novo coronavírus mostra que ainda é possível diminuir seus impactos e disseminação.
“(Os países) devem fazer o máximo para evitar qualquer caso importado”, disse Tedros. Ele ressaltou que 57 países têm menos ou 10 casos e 90% dos casos do mundo vêm de 4 países. “Seria um erro abandonar a estratégia de contenção”, disse.
“Esse é o primeiro coronavírus a ser chamado de pandemia, mas também acreditamos que será o primeiro a ser contido ou controlado”, afirmou Tedros.
Com a mesma preocupação, o diretor de programas de emergência alerta para o risco a ser evitado com o uso da palavra: as pessoas não devem usar a declaração de pandemia como desculpas para desistir do combate e tentativas de conter a circulação do vírus.
“Se não tentar suprimir, pode sobrecarregar o sistema de saúde. Tem que haver esforços para frear a disseminação da infecção”, disse Ryan.