MANAUS (AM) – O advogado Samarone Gomes, que faz a defesa do agente de portaria Caio Claudino, de 25 anos, suspeito de matar a servidora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Silvanilde Ferreira, de 58 anos, disse que as imagens do elevador mostradas pela Polícia Civil não deixam claro que Caio realmente cometeu o crime.
“Nas câmeras aparece ele entrando e saindo. Ele entra no andar dela e depois ele sai. Se você olhar as imagens do elevador, não tem um pingo de sangue. A mancha [de sangue] no braço aparece depois, na moto, ele dirigindo. No elevador não tem nada. No caso de corte na jugular o sangue pode espirrar em até dois metros”, argumentou o advogado em entrevista ao G1, acreditando que pela brutalidade do crime o agente de portaria deveria estar muito manchado de sangue, e não apenas com uma mancha no cotovelo. Silvanilde levou 12 facadas, segundo a polícia.
Após três dias preso, o agente de portaria mudou sua versão. Ele disse que nem chegou a entrar no apartamento da vítima e que estava sob forte efeito de drogas e muito abalado quando assumiu a culpa e foi preso pela equipe da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).
Ainda segundo Samarone, Caio ficou assustado com tudo que aconteceu e que quando foi preso ainda estava confuso sobre alguns acontecimentos. “Ele falava ‘coisa com coisa’. Uma hora dizia que tinha dado uma facada, uma hora dizia que não. Então, falei que ia esperar passar esse estado dele. Fui lá ontem e a narrativa dele mudou. É a narrativa dele”, disse Gomes.
Por negar ter cometido o crime e entrado no apartamento de Silvanilde, a defesa vai analisar os elementos de provas produzidos como a realização de perícias, cena do crime, e averiguar se as informações de Caio e da própria Polícia Civil batem.
A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) informou que as investigações estão sob segredo de justiça e que “outras informações não podem ser repassadas”. Caio deve ficar preso por 30 dias.
O crime
Silvanilde foi assassinada no dia 21 de maio, dentro do apartamento dela, no bairro Ponta Negra, Zona Oeste. Para entrar no local, a porta era eletrônica e apenas ela e a filha tinham digitais que possibilitavam a entrada.
O homicídio foi descoberto após a filha receber no celular uma mensagem de socorro. Foi ela quem encontrou a mãe já sem vida, morta. A casa não havia sinais de arrombamento e apenas o celular da servidora foi levado. O aparelho até hoje não foi encontrado.
Para a DEHS, Caio cometeu o crime porque queria dinheiro para comprar mais drogas. No dia da prisão, ele assumiu ter dado uma facada e negou ter dado as outras. Chorando, ele pediu desculpas à família dele e da vítima. Ele disse, ainda, que havia pedido um Pix da servidora.
A prisão do agente de portaria foi realizada após a DEHS analisar as câmeras do elevador do condomínio. No hall não há câmeras e não foi possível vê-lo entrando no apartamento, mas para a polícia Caio apresentava comportamento suspeito e depois aparece com uma mancha, possivelmente de sangue, e um celular que seria supostamente de Silvanilde, na mão.