MANAUS (AM) – Uma criança de 7 anos teve a boca cortada por linha com cerol e precisou pegar diversos pontos na face. Ela foi machucada no último domingo (2), rua Eliete Silveira, bairro Santa Etelvina, zona Norte de Manaus.
Segundo a mãe da criança, Simone Gurgel, o pequeno saiu de casa com pai quando teve a boca cortada. O menino teria pedido do pai para ir na carroceria do veículo, um carro modelo Fiat Strad; como o percurso que fariam era perto de casa e dentro do bairro, o genitor não viu problema algum.
“Esses finais de semana eles [população] fecham a rua para soltarem pipas. A rua fica sem condições de passar moto, carro e até mesmo pedestre porque é da criança ao adulto brincando aqui e – foi nesse instante que meu filho ia passando.
A linha engatou no carro e foi em direção ao rosto do garoto. “Como são muitas pessoas na rua, eu não sei de onde veio a linha que atingiu meu filho. Mas deixo o alerta para que tomem cuidado, pois em outras partes da cidade, assim como no meu bairro, essa é a época em que mais acontecem esse tipo de situação”, frisou a mãe.
A família procurou a delegacia e registrou um Boletim de Ocorrência no 6º Distrito Integrado de Polícia (DIP).
Atividade proibida
Soltar papagaio, ou empinar pipa, é uma atividade considerada patrimônio cultural imaterial em Manaus. Mas a brincadeira pode trazer sérias consequências se praticada em locais inadequados ou com uso de preparos como o cerol, que podem causar lesões graves.
“A prática pode ocasionar crimes como lesões corporais, e se a vítima vier a falecer, será tipificada como homicídio culposo, quando não havia intenção ou não se queria o resultado”, alerta o delegado João Neto.
Em Manaus, a Lei 1.698/2015 proíbe a venda e o uso do cerol, mistura de cola e vidro moído, linha chilena de óxido de alumínio e silício, ou de qualquer material cortante usado para soltar papagaios ou similares. A ação só é permitida em áreas estabelecidas pelo Poder Público Municipal.
Não é crime soltar papagaio, enfatiza o Delegado. Mas há consequências para os casos em que a prática ocasionar lesões em outras pessoas. “Não pode ser no meio da rua, concorrendo com carros e pedestres, nem em cima de lajes ou em lugares com altos índices de fios eletrificados atravessados. Portanto, deve ser feito longe de áreas residenciais e comerciais”, orientou.
De acordo com João Neto, é preciso que os pais e responsáveis orientem a brincadeira. “As pessoas podem participar orientando e conscientizando para os cuidados necessários. Além disso, evitar entrar em terrenos alheios, sendo quintal ou residencial, pois, dependendo do caso, pode ser considerada invasão de domicílio”, enfatizou.
Penalidades e multa
Comerciantes que estiverem comercializando o cerol podem ser multados em até R$ 2 mil, além de ter o material recolhido. Menores de idade flagrados utilizando cerol podem responder pelo artigo 132 do Código Penal, por colocar a vida de outra pessoa em risco.
Caso haja danos a pessoa, ao patrimônio público ou a propriedade privada, uma multa de R$ 544 será aplicada aos responsáveis pelo adolescente.