MANAUS (AM) – Mesmo votando no presidente Jair Bolsonaro (PL) e se considerando um político de direita, o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), voltou a criticar o governo nesta segunda-feira (1º). Ao falar sobre o novo decreto que zera a alíquota de IPI do polo de concentrados, prejudicando a Zona Franca de Manaus (ZFM), o prefeito disse que não pode concordar com um “governo de burros”.
“Na quarta-feira (27 de julho), ele (Bolsonaro) libera uma licença ambiental da BR-319. Aí tem tanta gente burra do lado dele que, na sexta-feira (29), ele zera o IPI dos concentrados. O que ele ganha na quarta, ele perde na sexta. Eu não posso concordar com um governo de burros. Essa é a realidade. Eu queria estar podendo elogiar o Bolsonaro, eu queria estar pedindo voto para o Bolsonaro, eu queria estar dizendo que ele está ajudando a cidade de Manaus, mas ele está maltratando a gente. Ele está tirando empregos”, disse David, durante o lançamento do programa “Manaus Esportiva”.
Essa não é a primeira vez que David critica a gestão do governo federal. “Eu fui eleitor dele, o candidato eleito não pode tratar o povo com chicote. O Bolsonaro está tratando o povo do Amazonas com chicote. Eu não posso concordar com um cidadão que foi eleito com 65% dos votos na cidade de Manaus e tratar tão mal a minha cidade”, declarou David.
O prefeito disse ainda que não se cala diante do que acha errado, diferente de outros políticos que preferem se calar. Para ele, o que eles vivem é um “fanatismo cego”.
“Eu quero que os pastores, os líderes evangélicos que apoiam o Bolsonaro, após a ZFM estar sendo atacada, quando a sua ovelha estiver passando fome, quando não tiver condições de trabalho para a sua família, vocês procurem os pastores, os bispos, os apóstolos que defendem essa política do Bolsonaro contra o Amazonas”, falou o prefeito.
Apesar dos ataques, Almeida destacou que não é Lula e nem Bolsonaro.
Decreto
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, suspendeu, liminarmente, no dia 6 de maio, os decretos de Bolsonaro que prejudicam a ZFM. A decisão suspendeu os efeitos de três decretos (11.047/2022, 11.052/2022 e 11.055/2022) sancionados pelo presidente, que impuseram medidas como estabelecer em até 35% o corte linear do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), além de zerar a alíquota do imposto relativo aos concentrados para produção de bebidas não alcoólicas.
No entanto, na última sexta-feira (29), Bolsonaro ignorou a decisão do STF e reprisou ataques ao polo de concentrados, zerando o incentivo tributário dado aos fabricantes de concentrados de refrigerantes.