MANAUS (AM) – O suposto crime de “rachadinha” cometido pelo ex-presidente da bancada evangélica, Silas Câmara (Republicanos), pode prescrever no dia 2 de dezembro. Isso porque o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), indicado por Jair Bolsonaro, chamou o deputado federal de “ombro amigo que Deus enviou”.
A frase foi dita em dezembro de 2021, quando Mendonça foi empossado. Quase um ano depois, ele decidiu fazer um pedido de vista (mais tempo para analisar o caso) com potencial de livrar o deputado de uma acusação de promover “rachadinha” em seu gabinete. A manobra causou suspeitas.
A solicitação para examinar por mais tempo a ação penal, feita na última quinta-feira (10) em parceria com o ministro Dias Toffoli, interrompeu o julgamento que decidirá se Câmara é culpado de desviar o salário de servidores em proveito próprio. Cinco ministros já votaram por sua condenação —Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Rosa Weber. Só Kassio Nunes Marques foi contra.
Ainda faltam votar Mendonça, Toffoli, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski.
Na ocasião, Edson Fachin demonstrou desconforto com a medida. “Parece-me que houve tempo suficiente para essa providência, de modo que é lamentável que a Justiça assim proceda”, reclamou ele ao ver a manobra do colega.
Relação
A relação de Silas com o ministro “terrivelmente evangélico”, como disse Bolsonaro, é de longa data. No dia 13 No dia 13 de dezembro de 2021, o deputado compartilhou com contatos de seu WhatsApp o convite para um culto na Assembleia de Deus do Amazonas com participação de Mendonça.
A fala de Mendonça, um pastor presbiteriano, foi transmitida pelas Boas Novas, rede de comunicação da família Câmara, poderosa no norte do país. No Amazonas, quem comanda é Jonatas Câmara, irmão de Silas.
Duas semanas depois, Mendonça contou no púlpito que conheceu Silas Câmara cerca de três anos antes. “Ele se tornou essencial durante a minha caminhada, previamente à indicação, e pós-indicação até a sabatina.” Câmara assumiu a liderança da bancada evangélica em 2019 e ficou dois anos no posto.