Maceió – Contrariando a tese de suicídio apresentado pela polícia, a família de Márcia Rodrigues acredita que ela foi morta pelo pai, o delegado aposentado da Polícia Federal Milton Omena Farias. Parentes e advogados da família reuniram a imprensa nesta terça-feira (31) para dar a versão deles sobre o caso.
“Acredito que ele matou a minha filha. Matou friamente. Um homem que era instrutor de tiro, me fazia botar um cigarro na boca e atirava para tirar”, disse a ex-esposa do delegado e mãe da Márcia, Maria do Carmo.
Ela foi achada sem vida na casa do pai em agosto do ano passado. A Polícia Civil de Alagoas concluiu que Márcia Rodrigues cometeu suicídio dando dois tiros em si mesma. Os advogados de Maria do Carmo dizem que vão pedir uma nova perícia.
O pai de Márcia foi morto no último dia 27. O neto dele e filho de Márcia, Milton Omena Farias Neto, foi preso em flagrante e confessou o crime. Ele queria que o avô assumisse o assassinato da mãe.
Mas, para a polícia, não há dúvidas do suicídio. “Ela era a pessoa mais positiva que o ser humano podia encontrar. Era algo bonito, lindo. Ela escreveu para o meu avô: ‘Meu pai, eu te amo muito, mas você cometeu erros’. Não era uma nota de suicídio. Ela escreveu na manhã da morte”, disse uma parente que pediu para não ser identificada.
O advogado Leonardo de Moraes afirma que é impossível que Márcia tenha cometido suicídio porque ninguém é capaz de se suicidar atirando quatro vezes (foram dois tiros na parede e dois no corpo dela). Por isso, a defesa vai solicitar por uma nova perícia.
“É uma tese impossível. Eles falam que o pai estava no carro. O condomínio estava praticamente vazio. Quem estava mais longe, ouviu os tiros, mas o pai, não. O pai não sabia onde a arma estava, mas a Márcia sabia. Ela queria se reconciliar com o pai. Para uma pessoa que tinha todo um caminho, um futuro, uma pessoa que estava bem na carreira. Não existe possibilidade de haver o suicídio”, disse o advogado.
Moraes ainda diz que no dia da morte de Márcia, o delegado não foi encontrado com manchas de sangue.
“Quando chegaram na casa, o delegado estava com as mãos limpas. Ele disse que não chegou perto da filha para ver o estado dela. Nem tinha marca de pés sujos no sangue. Ele tomou banho depois. Vamos pedir uma nova perícia, com uma nova equipe técnica, para aproveitar materiais, vestígios, pra chegar numa outra conclusão. É um absurdo a conclusão a que a perícia chegou”, ressaltou o advogado.
Por meio da assessoria de imprensa, a Perícia Oficial de Alagoas disse que não vai se pronunciar sobre a declaração da família porque não há dúvidas para os peritos sobre o que aconteceu.
O delegado Lucimério Campos, que comandou a comissão de delegados que investigou o caso, disse ao G1 que é natural que a família conteste quando o resultado não é o esperado, mas que o inquérito é conclusivo.
“As provas técnicas e materiais revelaram que ele não matou a filha. Seria impossível ele alterar aquela cena daquela forma. A cena foi completamente preservada, ele não conseguiria desalinhar qualquer objeto daquele do quarto sem deixar vestígios”, disse o delegado.
Com informações G1.