BRASIL – O deputado Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR) está ganhando a mídia nacional nas últimas horas após ter sido aprovado para a desejada vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). Mas o motivo de tanta mídia é o pior possível: a ligação dele e da família dele com o genocídio de indígenas Yanomami vítimas de fome, desnutrição e abandono em Roraima.
Jhonatan tenta evitar o assunto nos últimos dias, mas assim que venceu a disputa na Câmara com 239 dos 493 presentes, as denúncias foram resgatadas na mídia nacional. O pai do parlamentar, o senador Mecias de Jesus, elaborou o projeto pedido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para liberar o garimpo nas terras dos indígenas, onde, de acordo com o ministério da Saúde, mais de 600 moradores morreram vítimas dos desmandos da gestão anterior, incluindo aí 500 crianças.
Distrito de Saúde
Além do projeto do pai, que tentou oficializar a terrível presença dos garimpeiros nas terras indígenas o próprio Jhonantan tem questões a responder. O indicado dele para o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), foi acusado de desviar verba que seria usada para salvar a vida dos povos originários.
Rômulo Pinheiro de Freitas foi alvo de protestos dos indígenas, após o agravamento das doenças e aumento das mortes. As denúncias resultaram na operação Yoasi, da Polícia Federal, em agosto do ano passado, na qual, desde então, apura-se desvio de dinheiro para a compra de medicamentos do Dsei-Y, os mesmos remédios que faltaram na hora de atender os Yanomami.
O OUTRO LADO
O senador Mecias afirma em nota que jamais desejou levar problemas para os Yanomami com a liberação do garimpo. Queria apenas “pacificar a relação indígena-garimpeiro em todo o Brasil. Uma leitura séria do projeto desprovida de falsos julgamentos contribuirá para compreender melhor o tema e as minhas reais intenções. Diante da repercussão da crise humanitária dos Povos yanomami, adversários políticos tentam atribuir ou apontar culpados e esquecem que o tema precisa ser amplamente debatido, em momento oportuno, para encontrar meios legais de pacificação na relação indígena-garimpeiro”, garante.
“Durante a visita do presidente Lula, nota-se diversos indígenas venezuelanos, onde a situação é ainda pior. Porém, é injusto e inaceitável imputar a culpa apenas ao Bolsonaro e criar uma narrativa, enquanto os governos Lula e Dilma [Rousseff], em 14 anos, não mudaram essa realidade. Precisamos socorrer o povo Yanomami, mas sem criar esse discurso político com teor sensacionalista e falso para fazer cena mundo afora e se esquivar de uma culpa que eles também carregam”, afirmou.
Já Jhonatan de Jesus diz que “em 12 anos como deputado federal, minha atuação se baseou em defesa do meu Estado e em projetos voltados ao bem estar da população de Roraima.”
Articulação
O nome do deputado agora vai para a aprovação do Senado. Jhonatan é indicação do presidente da Casa, Arthur Lira, o presidente reeleito indicado por Lula.
O TCU não tem ligação com o judiciário. É o órgão que fiscaliza a execução orçamentária das verbas públicas. Dos nove ministros do TCU, seis são escolhidos pelo Congresso Nacional e três pelo presidente da República.
Os ministros têm mandato vitalício, com aposentadoria compulsória aos 75 anos de idade.