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Dia do Orgulho LGBT: Mãe PcD luta pela diversidade ao lado de filho trans

Foto:Divulgação

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MANAUS-AM | Luta é uma palavra que define a vida da dona de casa Solange Silva, de 53 anos, até os dias de hoje. Quando tinha 26 anos, Solange sofreu um acidente de carro que resultou em uma paraparesia (perda parcial das funções motoras dos membros inferiores), deixando-a deficiente física. O que ela não imaginava é que um de seus filhos, Bernardo da Silva, de 26 anos, também teria que desenvolver o mesmo espírito de superação: Bernardo é um homem trans que luta para sobreviver no País que mais mata pessoas trans em todo o mundo.

O dia 28 de junho marca o Dia do Orgulho LGBT mundialmente. A Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) destaca que o Governo do Estado, por meio da pasta, trabalha políticas públicas para a comunidade LGBT com a Gerência de Diversidade de Gênero, vinculada à Secretaria Executiva de Direitos Humanos da Sejusc. Além disso, a pauta das Pessoas com Deficiência (PcDs) são atendidas por meio de atividades na Secretaria Executiva da Pessoa com Deficiência da Sejusc.

Solange, que faz parte do Grupo “Mães pela Diversidade”, afirma que a condição de PcD adquirida após o acidente não atrapalhou ou causou qualquer sofrimento ao longo da vida. Ela conta que Bernardo foi a origem da força, mesmo sem saber que tantas dúvidas apareceriam anos mais tarde para o jovem. Bernardo destaca que a mãe sempre esteve ao seu lado. “Aos 16 anos me entendi como pessoa lésbica. Comecei a entender que gostava de meninas. Falei para a mamãe e aí, desde sempre, ela ficou do meu lado, independente de tudo o que aconteceu na minha vida, todas as decisões de estudo, trabalho, sexualidade e identidade de gênero”, afirmou.

Bernardo foi o nome decidido por mãe e filho. O processo de transição de gênero começou aos 23 anos para Bernardo, que realiza terapia hormonal há dois anos. O nome “Bernardo” foi retificado em 2019. Ele afirma que ele e a mãe lutaram juntos, superando todos os conflitos internos e preconceito oriundo da família, amigos e da sociedade em geral. “Hoje é aquela coisa de olhar no espelho e se identificar depois de tanto tempo. Nunca me identifiquei com o nome antigo. Agora esse é meu nome de verdade”.

Solange acrescenta que a preocupação sobre o que era a transição diminuiu depois de muitas pesquisas sobre o assunto. “Eu não tinha conhecimento de nada”, diz ela. Enquanto isso, os dois continuaram agregando suas lutas: Solange como PcD, lutando para existir em uma sociedade que isola deficientes físicos, e Bernardo, lutando para sobreviver em meio ao preconceito e discriminação.

“Não deveria existir esse tipo de preconceito. Eu não vejo diferença nenhuma. Toda noite quando ele sai do trabalho eu fico nervosa porque não sei se ele vai voltar para casa. Ele luta pela existência. Para mim é muito difícil e por isso que entro nessa luta com ele”, afirmou.

Hoje Bernardo da Silva é designer e continua somando forças, diariamente, para resistir. “Como eu faço parte do T do LGBT, para gente significa muito mais ‘ter o direito de viver’, porque se fala muito do ‘direito de amar’, mas para nós não é só isso. O Brasil é o país que mais mata as pessoas trans, então estamos falando aqui sobre o direito de existir, ser respeitado como você é. Para mim é sobre essa luta”.

Políticas públicas – As políticas públicas afirmativas para LGBTs são efetuadas pelo Governo do Estado por meio da Gerência de Diversidade de Gênero da Sejusc. O setor tem a missão de articular, mobilizar e implementar medidas por meio de formações, seminários, encontros, oficinas e rodas de conversa. O trabalho envolve a participação de outros órgãos, universidades e movimentos sociais de todo o Amazonas.
A gerente de Diversidade de Gênero da Sejusc, Tiana Amiles, elenca a criação do Conselho Estadual de Combate à Discriminação LGBT (CECOD-LGBT) e a lei de uso do nome social para travestis e transexuais. Durante a pandemia do coronavírus, sete instituições receberam máscaras e cestas básicas como forma de ajudar a população em situação de vulnerabilidade.

“Muitas políticas ainda precisam ser implementadas como viabilizar a certidão de nascimento com retificação de nome e gênero no registro civil. Umas já estão sendo efetivadas, como o ambulatório de saúde integral, os núcleos de pesquisa na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), o uso de nome social nas secretarias de educação por parte de alunos com 16 anos. Precisamos avançar quebrando paradigmas, combatendo a violência, seja ela familiar, doméstica, no âmbito público e nos espaços de sociabilidade”.

Expressoam:

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