MANAUS – AM | O senador Eduardo Braga (MDB) usou as redes sociais para reclamar da falta de pavimentação que atinge a BR-319, mesmo tendo tempo – e recurso – suficiente para articular as obras da rodovia. Segundo Braga, “é desumano não asfaltar a BR-319”. A BR-319 permite o intercâmbio comercial e cultural entre os quatro Estados da Amazônia Ocidental e com o resto do País.
Enquanto governador, Braga decidiu investir na construção da Ponte Rio Negro, obra que custou aos cofres públicos do Amazonas R$1 bilhão e foi alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF). O dinheiro gasto nessa época daria para pavimentar quase toda a BR-319. No governo de Braga, houveram muitas manifestações das comunidades locais que clamavam pelo asfaltamento e pavimentação da rodovia, já que a recuperação da estrada é essencial para expandir a produção da Zona Franca de Manaus (ZFM) aos grandes centros consumidores das regiões Sul e Sudeste.
O investimento nas obras é caro. Cada quilômetro de pavimentação da rodovia BR-319 custará cerca de R$ 3 milhões, em média, chegando por volta dos R$ 1,2 bilhão necessários para a conclusão dos 400 quilômetros da rodovia federal. No entanto, esse valor é praticamente o mesmo investido na Ponte Rio Negro, obra realizada pelo ex-governador Eduardo Braga.
Inaugurada em 1976, a BR-319 tem quase 900 km e é a única ligação rodoviária de Manaus ao resto do país, via Porto Velho (RO). Contra a praxe, foi entregue asfaltada, mas a falta de manutenção fez com que perdesse o pavimento até ficar intransitável, em 1988.
Com a construção bilionária, o senador acabou virando alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) em inquérito que apurava corrupção passiva, ativa, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa. O político foi citado na delação premiada do ex-executivo da Camargo Corrêa e da Odebrecht Arnaldo Cumplido. Segundo o delator, Braga recebeu R$ 1 milhão quando era governador do Amazonas, relativos à construção da Ponte do Rio Negro.
A obra da Ponte Rio Negro custou mais de R$ 1 bilhão ao Estado, o dobro do que era previsto.
No pedido de abertura de inquérito para as investigações constava que, entre os documentos apresentados à procuradoria estava uma planilha que mostra esse valor destinado à Eduardo Braga.
Após analisar o caso, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou o arquivamento dos inquéritos contra os senadores Eduardo Braga e Omar Aziz (PSD), que estava sendo investigado na época também, apontando que a demora da PGR em realizar novas diligências tem causado “injusto constrangimento” aos parlamentares e que as acusações do delator são inconsistentes.