Por meio de nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura afirma que o tucano acatará a escolha do nome da mulher do ex-presidente Lula ao viaduto, aprovada pela Câmara Municipal no início de dezembro e sancionada pela Prefeitura na semana passada, embora discorde dela. João Doria considera “injusta” a homenagem a Marisa Letícia, falecida em fevereiro de 2017, porque ela era investigada na Operação Lava Jato e “nunca morou na cidade”.
“A escolha do nome do viaduto é prerrogativa da Câmara Municipal e fruto de um acordo entre a maioria dos vereadores — e apenas por isso respeitado pela administração municipal, apesar da discordância do prefeito em relação à injusta homenagem prestada a alguém envolvido no maior escândalo de corrupção já registrado no país e que nunca morou na cidade nem jamais lhe trouxe qualquer benefício”, diz a nota.
O projeto de lei que dá o nome de Dona Marisa Letícia ao viaduto foi sancionado na última sexta-feira pelo prefeito em exercício de São Paulo, o vereador Milton Leite (DEM), que ocupa o cargo nas ausências de Doria e Bruno Covas (PSDB), vice-prefeito, ambos em viagens pessoais.
O texto aprovado na Câmara e foi um substitutivo apresentado pelo próprio Leite e o vereador Paulo Reis (PT) ao projeto original, assinado pela bancada do PT, que previa a homenagem em outro local: o prolongamento da avenida Chucri Zaidan, também na zona sul de São Paulo, em uma região mais nobre, o bairro Chácara Santo Antônio.
O projeto original sofria forte resistência da base aliada ao prefeito João Doria – por isso, houve uma alteração negociada, que envolveu a articulação de Milton Leite.
A via inicia-se na Estrada do M’Boi Mirim e termina na confluência da avenida Luiz Gushiken – outro nome ligado ao PT, ex-deputado federal e ex-ministro, morto em 2013 – com a rua Adilson Brito, passando por cima da rua Daniel Klein. A obra do viaduto deve ser concluída em março de 2018.
Ex-primeira-dama era investigada
A ex-primeira-dama era ré em dois processos da Operação Lava Jato. Depois de sua morte, por complicações decorrentes de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), o juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em Curitiba, extinguiu a punibilidade de Marisa Letícia em ambas ações. Em uma delas, que apura o pagamento de propinas a Lula pela empreiteira OAS por meio da compra e da reforma de um tríplex no Guarujá, o petista foi condenado por Moro a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.