Manaus – A operação da Polícia Civil do Ceará, apreendeu pela primeira vez no Estado a droga sintética “metilona”. O alucinógeno chinês possui o mesmo princípio ativo do êxtase e tem como um de seus efeitos a indução ao canibalismo.
Segundo a Polícia Federal, a metilona já foi encontrada em São Paulo e também no Rio Grande do Norte. As drogas são sintetizadas na Índia e na China. Mas o caminho obrigatório para vir para o Brasil é Europa.
A metilona foi proibida nos Estados Unidos em abril do ano passado.
No caso do “canibal de Miami” Rudy Eugene, que devorou 75% do rosto do morador de rua Ronald Poppo na ponte da estrada MacArthur, que liga Miami Beach ao centro da cidade, as autoridades investigam se Eugene agiu sob os efeitos da “sais de banho”, que é vendida como “Cloud 9” e “Ivory Wave”.
De acordo com a delegada Patrícia Bezerra, o ponto de partida da operação foi a divulgação de uma festa rave no município de Caucaia, na Região Metropolitana, prevista para o próximo dia 10. A operação foi deflagrada no sábado e prendeu sete pessoas, dentre elas Omar Martins Azzam, conhecido como Marroquino, e responsável pelo tráfico da metilona.
As investigações apontam que a droga chegou ao Estado pelos Correios, oriunda da China. “A metilona, a exemplo das outras drogas sintéticas, tem uma densidade volumétrica muito baixa, podendo ser transportada facilmente, a exemplo do ecstasy e do LCD. Os traficantes têm facilidade em mandar essas drogas pelos Correios, passando muitas vezes pelo raio-x sem que seja percebida”, pontua a delegada.
O psicoterapeuta Alfredo Ferreira explicou que esta droga é “como um tipo de cocaína superpoderosa produzida em laboratórios” que altera no cérebro os mecanismos que ajudam o ser humano a frear os impulsos.
“A relação de controle e impulso que dispara estes mecanismos se perde porque esta droga altera o lóbulo frontal, que ajuda a medir as consequências; a amígdala dentro do cérebro, que leva ao impulso; e o hipocampo, que ajuda a não agir sob todos os impulsos”, apontou.
“Isto é muito comum com estas drogas. Tive vários pacientes que pensam que são Deus ou acham que têm poderes sobrenaturais”, disse Hernández, administrador do centro de saúde mental Improving Lives de Miami.
Ele preveniu que a “sais de banho” é “uma combinação muito perigosa, porque é uma droga que dá muita energia, altera a consciência e elimina a possível regulação das consequências dos atos”.
“Isso, unido a pessoas que possam ter uma predisposição de psicopatologia mais severa, como no caso da população de moradores de rua que têm histórico de bipolaridade, esquizofrenia e outros problemas mentais, é uma combinação mortal”, acrescentou.
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