Manaus – Predador do topo da cadeia alimentar, uma onça-parda não resistiu ao ataque de uma sucuri e foi engolida pelo animal, em um caso inédito . O registro, feito em Promissão, no interior de São Paulo, pode mudar os conceitos sobre a cadeia alimentar, segundo o estudo. O caso aconteceu no ano passado na cidade, mas só foi divulgado nesta semana, depois de ser publicado em uma revista científica especializada em felinos. Uma sucuri de 4,20 metros e 92 quilos engoliu uma onça adulta, mas ficou muito machucada e acabou morrendo.
O caso foi oficialmente relatado nesta semana em artigo divulgado pela Cat News, publicação do Grupo de Especialistas em Felinos do Comitê de Sobrevivência das Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN/SSC).
“Já tivemos relatos de que ela come jacarés, capivaras, mas é o primeiro relato que se tem de uma sucuri predando uma onça-parda adulta. É difícil imaginar como um felino deste porte pode ter sucumbido nesta luta e isso nos traz uma nova visão sobre a vida destes grandes predadores”, comenta o zootecnista Luiz Pires, diretor do Zoo. De acordo com ele, a notícia foi recebida com surpresa pelos cientistas e profissionais que estudam e lidam com a vida selvagem.
Pires explica que o caso foi descoberto porque a onça era monitorada por meio de um rádio-colar, em um trabalho realizado pelo Instituto Pró-Carnívoros, em parceria com a AES Tietê. Em sua última pesagem, em julho de 2015, o animal, uma fêmea de 4 ou 5 anos de idade, tinha 42 quilos.
Os pesquisadores perceberam que uma das onças não estava mais se movimentando e foram ao local, mas ao invés de encontrar a onça encontraram a sucuri.
Segundo o diretor do zoológico de Bauru, a cobra estava praticamente morta quando foi encontrada e que os cientistas supõem é que houve uma briga antes da sucuri engolir a onça. Quando abriram a sucuri, restos mortais da onça estavam na última fase de digestão. Eles calculam que ela ficou dez dias digerindo o animal, mas devido aos ferimentos da briga que tiveram, não resistiu e morreu.
O Zoo de Bauru foi acionado para avaliar o caso e, durante a necropsia, o colar, o brinco de identificação e os ossos da onça foram localizados. Justamente pelo ineditismo do fato, o diretor do Zoo diz que não é possível precisar quais circunstâncias levaram um predador como a onça-parda a perder a vida após um ataque de cobra.
“Ela pode, por exemplo, ter se descuidado ao beber água e, neste momento, a sucuri, que também tinha porte grande, ter conseguido dar o bote. A onça resistiu enquanto pôde e, por isso, também acabou provocando a morte do réptil”, analisa.