Brasília – No mesmo depoimento que prestou aos procuradores da Operação Lava Jato e confessou ter pagado R$ 5 milhões ao ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, por meio de caixa dois, para quitar dívidas da primeira campanha eleitoral de Dilma Rousseff, o empresário Eike Batista também revelou ter distribuído dinheiro não contabilizado a outros políticos e partidos (veja depoimento no vídeo abaixo). Além do PT, citou PMDB e PSDB como beneficiários dos pagamentos. Chegou a apresentar aos procuradores uma lista com vários nomes de políticos aos quais ajudou – entre eles o do senador Cristovam Buarque (PPS-DF), ex-ministro da Educação no governo Lula.
O empresário não revelou quanto deu de dinheiro ao parlamentar. Na declaração sobre suas contas de campanha registrada na Justiça Eleitoral, Cristovam nega caixa dois e acrescenta que recebeu, legalmente, R$ 100 mil em doações de Eike.
Assista:
https://youtu.be/ICHbt5yf-L0
A informação sobre a contribuição para a campanha do parlamentar surgiu quando o advogado Ari Berger tentou explicar aos procuradores como Eike agia na época das eleições. O advogado disse que o empresário fez “doações eleitorais em caráter republicano” a vários políticos na campanha de 2012. Com pouco mais de 10 minutos de depoimento, o advogado pede a palavra para tentar esclarecer como ocorriam as doações pelo caixa dois.
“Só pra deixar claro, várias dessas pessoas que estão aqui (da lista) que receberam doações do Eike ele nunca viu. Ou seja, ele não procurou um político. Posso falar no senador Cristovam Buarque. Ele foi lá e fez uma doação. Provavelmente o senador vai confirmar que ele nunca esteve com Eike e Eike nunca esteve com ele”, contou o advogado. As informações foram formalizada na Operação Arquivo X, fase da Lava Jato que faz alusão às empresas de Eike (todas tinham a letra ao final da abreviação).
Senador educado
A lista com os nomes dos políticos e seus partidos que receberam doações de Eike foi entregue aos procuradores da Lava Jato. O empresário autorizou pessoalmente todas as doações por meio de caixa dois. Com quase 22 minutos de depoimento, e ao ser indagado se checava com os beneficiários se os pagamentos chegavam, Eike diz que poucos dão retorno sobre o recebimento.
“Quem agradeceu foi o que não conheço, o Cristovam Buarque. Esse é educado, porque o resto eu mandava para o comitê de partido”, declara Eike.
Em resposta ao Congresso em Foco, o senador Cristovam Buarque confirmou que recebeu ajuda financeira do empresário Eike Batista para a sua campanha. Mas disse que os R$ 100 mil doados pelo empresário foram declarados oficialmente na prestação de contas, e não pelo caixa dois: “Como está na minha prestação de contas entregues ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o empresário Eike Batista fez uma doação para a minha campanha a Senador no valor de R$ 100 mil, em 2010. O parlamentar divulgou o registro da doação na Justiça Eleitoral: 664.976.807-30 04/08/10 12001521759 100.000,00 Transferência eletrônica CRISTOVAM RICARDO CAVALCANTI BUARQUE 123 PDT Senador DF.