BRASÍLIA | O ministro Celso de Mello determinou, na última terça-feira, 72 horas para que o Palácio do Planalto liberasse a cópia do vídeo da reunião citada por Sergio Moro, onde Jair Bolsonaro supostamente pressionou a troca de comando na Polícia Federal e na superintendência do Rio.
No entanto, o Planalto não quer divulgar a gravação na íntegra. Diz que tem segredos de Estado a zelar e vai tentar convencer Mello a aceitar tal argumento.
“Eu só peço: não divulgue a fita toda. Tem questões reservadas, tem particularidades ali de interesse nacional. O resto, o que eu falei… Tem dois pedacinhos de 15 segundos que é questão de política externa que não pode divulgar. O resto, divulga. E tem bastante palavrão, tá. Peço para o pessoal não assistir, uma reunião reservada. Se o ministro resolver divulgar, vou cumprir a decisão judicial”, declarou Bolsonaro nesta quinta-feira (21), durante live nas redes sociais.
O presidente nega que tenha cobrado mudanças na Polícia Federal durante a reunião, contrariando a versão dada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro quando pediu demissão do cargo, no fim de abril.
“Não tem nada, nenhum indício de que por ventura eu interferi na Polícia Federal naquelas duas horas de fita”, afirmou o presidente.
A peça deixa explícita a chamada para os atos que têm sido convocados também como protesto contra as duas instituições.
Já a defesa de Sergio Moro reforça que a divulgação do conteúdo seja feita na íntegra. Segundo o próprio ex-ministro, não há assunto pertinente a segredo de Estado ou que possa gerar incidente diplomático, muito menos colocar em risco a segurança nacional, como alega Bolsonaro.
Após receber todas as manifestações, Celso de Mello vai decidir se o sigilo será retirado de forma total o parcial. Desde a exoneração de Moro, o presidente nega que tenha pedido para o então ministro interferir em investigações da PF.