Manaus – Policiais civis do Amazonas anunciam extraoficialmente uma ‘greve branca’ contra o Governo do Estado, a partir da próxima segunda-feira (21), em reivindicação por melhorias de trabalho. Eles exigem o cumprimento do acordo do escalonamento salarial firmado ainda em 2014. Os investigadores, escrivães e outros servidores estaduais da instituição afirmaram que vão deixar de atender ocorrências nas ruas e de registrar Boletins de Ocorrências (B.O’s) nos Distritos Integrados de Polícia (DIPs).
Com o escalonamento, todos os policiais teriam um reajuste de 10% sempre que fosse promovido para um nível mais elevado. Alguns policiais civis compartilharam fotos onde aparecem com cartazes de apoio ao movimento grevista. De acordo com um investigador, que não quis se identificar, o governo não tem cumprido com os acordos e as delegacias estão abandonadas.
“Não temos nem papel para imprimir os Boletins de Ocorrências. Até água, por incrível que pareça, nós não temos na delegacia. A equipe faz ‘cotinha’ para comprar os materiais de expediente e, assim, atender a população”, disse.
Ainda segundo o policial, há rumores entre os servidores que o governador José Melo vai deixar de pagar o reajuste do escalonamento firmado com a categoria. “Além de tudo isso, o governador não vai pagar o nosso reajuste. Assim não tem como trabalhar”.
A reportagem entrou em contato com o presidente do Sindicato da Polícia Civil (Sinpol), Moacir Maia, que negou que o movimento de ‘greve branca’ seja coordenado pela entidade. Segundo ele, há possibilidade de greve, mas somente após uma reunião com o governador.
“Estamos realmente passando por uma situação delicada dentro das delegacias, mas não vamos deixar de atender a população. Pelo menos até que o governador dê uma resposta final sobre a nossa pauta de reivindicações”, disse.
O encontro está marcado para acontecer na próxima quinta-feira (24), às 15h, na sede do governo, situada na avenida Brasil, bairro Compensa, Zona Oeste, onde deve ocorrer uma manifestação com mais de 300 policiais civis para pressionar José Melo sobre o cumprimento da Lei do escalonamento. O Amazonas tem mais de 2,5 mil policiais civis entre investigadores, escrivães, delegados e peritos.
“O governador já tirou nossos vales alimentação e não cumpriu com as datas bases de 2015 e 2016. Mas, ainda assim, nós esperamos calados isso tudo. Nós entendemos que o Estado não está num bom momento devido à crise econômica, entretanto, a categoria precisa de respostas”, relatou Moacir.
Ainda segundo o presidente do Sinpol, a mobilização orquestrada nos corredores da delegacia para o não cumprimento das atividades policiais é ilegítima. “Pessoas isoladas estão querendo derrubar o nosso movimento, que avança sem prejudicar a sociedade civil e dentro da legalidade. São pessoas isoladas que estão procurando uma forma de se manifestar”.
Por Bruna Souza/ Com informações Portal Em Tempo.