MANAUS-AM |Oferecer atendimento humanizado e agilizar o tratamento dos cânceres de mama, indicando os casos que necessitam de prioridade em consultas, exames e cirurgias. Este é o objetivo do projeto ‘Enfermeira Navegadora’, que já beneficiou 2.158 pacientes na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (Susam), desde 2019.
O sistema de Navegação foi implantado, no Brasil, primeiramente no Hospital da Mulher Heloneida Studart, no Rio de Janeiro, para dar suporte às pacientes em um processo coordenado de assistência individualizada, onde a mulher em tratamento é acompanhada de perto por uma profissional da saúde, a ‘enfermeira navegadora’.
O projeto-piloto chegou ao Amazonas, em maio de 2019, com o objetivo de facilitar o percurso da paciente dentro da Fundação Cecon. “O papel da Enfermagem de Navegação é estar mais perto desse paciente, facilitando não só a entrada dele na instituição, mas o caminho que ele tem que percorrer para fazer cirurgia, exames pré-operatórios, para fazer tudo que é necessário para dar seguimento ao tratamento dele”, explica a gerente da Mastologia/FCecon, mastologista Hilka Espírito Santo.
Além da aproximação e acompanhamento ao paciente, a enfermeira navegadora identifica problemas sociais, verifica a validade dos exames, tendo agilidade para solicitar novos, facilita a marcação das consultas e verifica quais pacientes têm prioridade em cirurgias, com base na gravidade dos tumores ou tipo de procedimento.
Exemplos são as mulheres que passam pelo tratamento neoadjuvante, onde primeiro se realiza a quimioterapia para reduzir o tamanho do tumor, para num segundo momento, ser realizada a cirurgia nas mamas. Nesses casos, as pacientes passam pelo procedimento cirúrgico entre 3 a 6 semanas, após completado o tratamento quimioterápico, para não se perder a redução do tumor.
Antes da implantação do projeto, o tempo estimado para uma paciente dar entrada na FCecon e passar pela cirurgia nas mamas era em torno de 100 dias. Com o projeto, este tempo foi reduzido para 30 a 60 dias.
Humanização e orientação – A humanização do atendimento é um dos ganhos para a paciente e foco da atual gestão da Fundação. “Nossa gestão foca bastante na humanização do atendimento, para que o nosso paciente seja bem acolhido e orientado dentro da instituição sobre como será o seu tratamento, que, por ser câncer, causa muito temor no paciente e em seus familiares. As enfermeiras navegadoras são fundamentais para tranquilizar este paciente e, não só isso, mas para que ele tenha um profissional que vai acompanhá-lo até o fim do tratamento”, destaca o diretor-presidente da FCecon, mastologista Gerson Mourão.
Um dos papeis fundamentais da enfermeira navegadora é orientar as pacientes, especialmente as que acabam de chegar à Fundação Cecon. “Essa paciente passa, na primeira vez, com o mastologista e este encaminha para o Serviço de Navegação, para orientação. São orientações de exames, marcação de consultas e o encaminhamento também para a Oncologia Clínica. Esse encaminhamento precisa ser muito bem orientado, pois a paciente sai da consulta de primeira vez muita ansiosa e aqui, a gente faz esse serviço”, afirma uma das enfermeiras navegadoras da FCecon, Tereza Santos.
Pandemia – O projeto Enfermeira Navegadora foi vital para que o serviço da Mastologia funcionasse em sua quase totalidade durante a pandemia da Covid-19, apesar do atendimento reduzido.
O atendimento retido na Mastologia alcançou 750 pacientes durante os primeiros meses de pandemia. Mas, após a normalização do número de consultas para 16 pacientes para cada médico especialista diariamente, o que ocorreu em junho, as enfermeiras navegadoras fizeram um resgate das pacientes que estavam à espera de consultas e cirurgias e das pacientes pós-quimioterapia, organizando o atendimento por casos prioritários.
“As pacientes foram e continuam sendo chamadas, por telefone, pela Navegação. A busca ativa ao paciente foi realizada pelas próprias enfermeiras navegadoras”, destaca a enfermeira navegadora Andréa Paula de Andrade