Manaus – O Conselho de Sentença da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus julgou e condenou nesta quinta-feira (20), a 35 anos e seis meses de reclusão em regime fechado, Rogério Borges Mendonça, 34 anos.
O réu era acusado de um homicídio tentado, roubo e estupro contra uma jovem, crime praticado em 29 de junho de 2015, período em que se encontrava foragido do sistema prisional.
A sessão de julgamento popular foi presidida pelo juiz Celso Souza de Paula. O Ministério Público do Estado do Amazonas esteve representado pelo promotor de justiça André Epifânio Martins. O réu teve em sua defesa a defensora pública Larisse Silva.
Ao fazer a dosimetria da pena, o juiz condenou Rogério a 12 anos de prisão pela tentativa de homicídio, 11 anos pelo estupro e nove anos pelo crime de roubo, somando 32 anos.
Porém, considerando a atenuante da confissão parcial dos crimes, foi aplicado um desconto de seis meses. A pena de Rogério foi acrescida em quatro anos pelo fato de o crime ter sido cometido contra mulher, além de a mesma ter menos de 18 anos.
Com a valoração, a pena total ficou em 35 anos e seis meses de reclusão em regime fechado.
O crime
De acordo com o inquérito policial produzido pela Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (DEAPCA), que gerou a denúncia do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE), a vítima, uma jovem de 17 anos, à época do crime, conheceu o réu em um micro-ônibus do sistema de transporte coletivo na zona Norte de Manaus.
Segundo depoimento da jovem, o autor fazia uma pregação no interior do veículo e disse que a vítima era escolhida de Deus para ser contemplada com um emprego.
O réu acompanhou a vítima até o PAC zona Leste e de lá seguiu com ela ao suposto local do emprego, que seria em um sítio no Ramal Água Branca, na Rodovia AM-010. No caminho, ao perceber que algo estava errado, a vítima tentou fugir, mas foi agarrada por Rogério, que a estuprou.
Depois de consumado o ato, Rogério amarrou a jovem e desferiu vários golpes de faca contra ela, que se fingiu de morta. O homem fugiu levando os pertences da vítima, inclusive um telefone celular.
Os investigadores da Polícia Civil chegaram até o autor do crime após a quebra do sigilo telefônico e do código identificação (IMEI) do aparelho roubado da vítima. Preso, Rogério Borges Mendonça confessou o crime. Confissão repetida no interrogatório durante a sessão de julgamento desta quinta-feira.
Histórico
Rogério Mendonça cumpre pena no sistema penitenciário do Amazonas por ter sido condenado a 18 anos de reclusão em regime fechado em 14 de junho de 2011, pelo crime de homicídio, em sentença da 1ª Vara do Tribunal do Júri.
Além disso, ele já cumpre pena de 10 anos de reclusão em regime fechado pelo crime de estupro, decorrente de sentença condenatória datada de 11 de dezembro de 2017. Ele também foi pronunciado em outro processo de estupro, roubo e homicídio qualificado na 3ª Vara do Tribunal do Júri. Esse processo deve entrar na pauta de julgamentos no início de 2019.
Rogério cumpria a pena pela primeira condenação (18 anos por homicídio) e, por ter cumprido 2/5 da pena, progrediu para o sistema semiaberto. Em uma saída temporária de sete dias, não retornou ao sistema carcerário e era considerado foragido quando cometeu o crime de 2015 pelo qual foi julgado nesta quinta.
Perfil de serial killer
Preso desde julho de 2015 no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM), Rogério Borges Mendonça, 30, confessou a autoria do homicídio da estudante Geissiane Vieira Ribeiro, ocorrido no dia 8 de julho de 2015. A vítima, que na época tinha 19 anos, foi estuprada e morta. O mesmo está envolvido em mais três homicídios.
De acordo com o titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), delegado Ivo Martins, no dia do delito Geissiane teria saído da casa do namorado, localizada no bairro Monte Sinai, na zona Norte da cidade, com destino a um terminal de ônibus naquela mesma área. No local, ela foi abordada por Rogério, que se apresentou como um agenciador de empregos de um shopping da cidade. Ele ofereceu uma vaga de trabalho com muitos benefícios, como itens de beleza e aparelhos celulares gratuitos.
“Após convencer a jovem, Rogério fingiu falar ao telefone com a dona da loja, dizendo que teria uma candidata para a vaga. Ele conduziu Geissiane até a referida loja no shopping, mas ao chegar ao lugar, informou à vítima que a suposta proprietária não estava mais na loja e sim em um sítio, onde estaria organizando uma festa. A dona do estabelecimento teria solicitado que Rogério levasse Geissiane para assinar o contrato no sítio e os dois seguiram para o lugar”, explicou Ivo Martins.
Conforme a autoridade policial, a vítima entrou no ônibus e seguiu para o suposto sítio, localizado na rodovia federal BR-174. Quando desceu do coletivo e percebeu que estava sendo enganada a garota ainda tentou fugir. Na ocasião, Rogério e a estudante chegaram a travar luta corporal e ao final ele a imobilizou e cometeu o estupro. Em seguida ele estrangulou a vítima.
Ivo Martins ressaltou que a princípio a vítima teria sido dada como desaparecida e, por isso, as investigações sobre o caso foram iniciadas pela equipe da Delegacia Especializada em Ordem Política e Social (Deops). No dia 20 de julho de 2015 o corpo da jovem foi encontrado e, a partir daí, o caso foi encaminhado à DEHS. “No dia seguinte ao encontro do cadáver de Geissiane descobrimos que Rogério foi preso por policiais civis da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) pelo estupro de duas adolescentes, cometidos nos dias 25 de maio e 29 de junho de 2015”, disse.
O delegado titular da DEHS ressaltou que a equipe da especializada traçou cinco linhas de investigação ao longo das diligências, com base em casos semelhantes. O trabalho teve o apoio de policiais civis da Depca. “Conseguimos contato com a família dele e, durante oitiva, a tese de que ele seria o suposto autor do crime acabou confirmada. Fomos até o CDPM, onde o infrator cumpre pena, e, durante depoimento, mostramos algumas fotos da vítima e ele acabou confessando a autoria do delito”, declarou.
Segundo Martins, o autor apresenta comportamento de um matador em série. “Ele tinha o hábito de guardar objetos das vítimas, como forma de se vangloriar pelos crimes que cometeu. Ele tem um forte poder de convencimento e manipulação de suas vítimas. Rogério já foi condenado a 18 anos de reclusão em 2011 pelo homicídio de Lorena da Silva Barbosa, ocorrido em 2008.
*Com informações da assessoria