São Paulo – A Justiça de Minas Gerais converteu, nesta quarta-feira (8), a prisão temporária de Nárcio Rodrigues, ex-presidente do PSDB no Estado e aliado do senador Aécio Neves, em prisão preventiva. Com a decisão, ele passa a ficar em regime fechado por tempo indeterminado.
O pedido foi feito pelo Ministério Público do Estado. Rodrigues foi preso no último dia 30 sob suspeita de ter recebido propina e, com parte do dinheiro, financiado campanhas eleitorais.
Outras seis pessoas também tiveram a prisão convertida para preventiva. Rodrigues e mais cinco delas estão na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (Grande Belo Horizonte), já o empresário Bernardo Simões Moniz da Maia é considerado foragido.
O tucano foi o principal alvo da Operação “Aequalis”, que investiga suposto contrato superfaturado de venda de equipamentos para o centro de pesquisa mineiro “Cidade das Águas”. Parte do dinheiro foi remetido para o paraíso fiscal de Hong Kong em 2014.
Na época, Rodrigues ocupava o cargo de secretário estadual de Ciência e Tecnologia do governo do hoje senador Antonio Anastasia (PSDB).
Em delação premiada assinada com a Promotoria de Minas Gerais, o executivo português Firmino Rocha afirmou que a empresa em que trabalhava pagou propina a Rodrigues, que foi por cinco vezes deputado federal e foi um dos coordenadores políticos das campanhas eleitorais estaduais de Anastasia em 2010 e do tucano Pimenta da Veiga, derrotado no pleito de 2014.
Procurada, a defesa de Rodrigues diz que a medida da Justiça foi “absolutamente desnecessária”.
DELAÇÃO
Firmino Rocha revelou que a propina foi paga para que o grupo Yser, um dos maiores de Portugal, fosse beneficiado em contrato superfaturado no esquema de aquisição de material para a “Cidade das Águas”, projeto da Fundação Hidroex sediado em Frutal (MG), cidade de Rodrigues e sua base eleitoral.
Segundo a Controladoria-Geral de Minas Gerais, que investigou a obra em conjunto com o Ministério Público, os equipamentos foram comprados sem licitação e com superfaturamento de R$ 3,8 milhões. Apesar de terem sido pagos, os equipamentos não teriam sido entregues, gerando prejuízo de R$ 8 milhões ao governo do Estado.
Ambas são do português Bernardo Simões Moniz da Maia, membro de uma das famílias mais ricas de Portugal e dono do grupo Yser.
Ele é considerado foragido pelas autoridades mineiras e também teve o pedido de prisão temporária transformada em preventiva.
OUTRO LADO
O advogado de Nárcio Rodrigues, Sânzio Baioneta, afirmou em nota que “lamenta” e é “absolutamente desnecessária a decretação de prisão preventiva”.
“Não há nos autos e tampouco na decisão qualquer elemento fático-concreto que indique a necessidade do acautelamento”, diz Baioneta. Segundo ele, como o processo corre em sigilo, não pode fornecer maiores detalhes sobre o caso.
Em nota divulgada quando Rodrigues foi preso, o PSDB de Minas afirmou que “se houver indícios de irregularidades, eles devem ser investigados pelos órgãos competentes”. Também ressaltou que “havendo comprovação de crimes” é necessária punição.
Sobre a realização do “Complexo das Águas”, a sigla informa que foi um projeto aprovado em 2007 pela Unesco, tendo as obras iniciadas em 2011, paralisadas em 2014 e retomadas este ano.
Quanto ao ex-deputado Nárcio Rodrigues, o partido reitera que ele “não exerceu nenhuma função de captação de recursos financeiros junto à direção estadual do PSDB em campanhas de 2014”.
Com informações da Folhapress.
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