Manaus – O ex-diretor do Grupo Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Júnior, em depoimento prestado no dia 14 de dezembro do ano passado, conta os detalhes do acordo firmado entre ele e um diretor da construtora Andrade Gutierrez, que ele identifica como Clóvis Primo, para fraudar a licitação para a obra de construção da Arena da Amazônia, em Manaus.
De acordo com Benedicto Júnior, quando o Brasil foi escolhido para sediar a copa do mundo, ele e o executivo da Gutierrez Márcio Magalhães combinaram que as duas empresas participariam das licitações para as obras dos estádios em consórcios. Depois, a Odebrecht desistiu de construir as arenas que claramente, nas palavras dele, se tornariam “elefantes brancos”, como era o caso de Manaus.
“Nesse caso específico, eu não tinha interesse em participar da construção da Arena da Amazônia. Recebi uma ligação do executivo Clóvis Primo, que é o executivo equivalente a mim na Andrade Gutierrez, me pedindo se era possível que eu fizesse a cobertura da proposta que ele iria entregar em Manaus”, disse Benedicto Júnior.
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Cobertura significa apresentar uma proposta de preço na licitação superior à proposta da empresa concorrente para que ela vença a concorrência por ter o valor mais baixo.
“Eu procurei um executivo meu que cuidada dessa área de arena [nome incompreensível] e pedi a ele que apoiasse a Andrade, que fizesse uma proposta de cobertura de forma a permitir que a Andrade tivesse alguém que ajudasse ela a burlar aquele processo licitatório”, disse.
Como foi a licitação
A Andrade Gutierrez foi declarada vencedora da concorrência para construção da Arena da Amazônia no dia 4 de março de 2010. A construtora apresentou o menor preço para o empreendimento: R$ 499.508.704,17). A Odebrecht foi a única concorrente na disputa e apresentou o preço de R$ 504.746.793,70. O edital previa um valor máximo de R$ 505 milhões.
A licitação foi realizada no último mês da gestão de Eduardo Braga (PMDB) no Governo do Amazonas. No dia 31 de março, ele deixou o cargo para disputar uma vaga ao Senado Federal. No lugar dele, assumiu o então vice-governador Omar Aziz. Braga não chegou a assinar o contrato da obra da Arena, tarefa que foi realizada por Omar Aziz.
Questionado se tomou conhecimento sobre pagamento de propina a pessoas por parte da Andrade Gutierrez, Benedicto Júnior disse que não sabia. “Não sei porque era um negócio muito distante da gente. Nunca tive negócios na Amazônia”.
Ele também disse que a Odebrecht não recebeu qualquer valor para ajudar a burlar a licitação. “Eu não posso dizer se a Andrade Gutierrez fez algum acordo com outros para não atrapalharem ela lá”.
Com informações Amazonas Atual.