Mato Grosso do Sul| Um falso pastor foi condenado a 10 anos de prisão em regime fechado, por se aproveitar da fé de mulheres e estupra-las. Cinco vítimas denunciaram os abusos, entre elas uma adolescente e uma menina. O homem chegou a ser conhecido como ‘João de Deus de MS’.
Conforme os autos do processo, o homem se apresentava como pastor missionário para se instalar na casa dos fiéis. Diante da hospitalidade e da confiança, submetia as mulheres a uma “unção” com azeite. Esta “unção” consistia em massagear os órgãos sexuais femininos. Ele justificava que isso as curaria de problemas físicos e emocionais. Em um dos casos, ele “ungiu” o pênis e estuprou uma mulher, para “purificar” seu útero.
Segundo informações, no período entre 22 a 27 de março de 2019, sob o argumento de realizar campanhas de oração, o falso missionário hospedou-se na casa da segunda vítima, com quem consumou relação sexual, por cinco vezes, sob a justificativa de curar “maldições” que foram “depositadas” em seu útero, pelo ex-marido, por meio do uso de uma “pomada maligna”.
A defesa do pastor pediu a absolvição do apelante, em relação à segunda vítima por falta de provas. Alegaram que não existia fundamentos para permanência da condenação, argumentando que os atos praticados foram consentidos e pagos. Com relação à criança de 11 anos, a defesa alegou que o pastor não tocou no corpo da menina. Teria visto-a somente uma vez e reafirmou que ungia as pessoas nas mãos e na testa.
O relator da apelação, juiz substituto em 2º Grau Lúcio Raimundo da Silveira, aponta que todas as vítimas receberam propostas semelhantes e que o falso pastor usou a fé das mulheres para se aproveitar. “A repetição das propostas do mesmo teor para mulheres distintas é evidência de que, por vezes, a fé conduzia as vítimas a malfadada benção via óleo, no que se caracteriza a tentativa do crime de fraude sexual”, escreveu.