São Paulo – Patrícia Abravanel, filha de Silvio Santos, teria participado de jantar na casa de Joesley Batista, sócio da JBS, para negociar propina em favor de Robinson Faria (PSD-RN), atual governador do Rio Grande do Norte. O relato foi feito por Ricardo Saud, diretor do grupo empresarial, e está em um dos vídeos da deleção premiada divulgados nesta sexta-feira (19).As informações são do UOL.
Segundo conta Saud no depoimento, Abravanel teria ido ao encontro para acompanhar o noivo Fábio Faria, deputado federal pelo PSD-RN e filho de Robinson. O propósito da reunião seria arrecadar fundos para a campanha de Robinson, que terminou eleito em 2014.
Não fica claro, no registro, se Fábio também estaria recolhendo propina para a própria campanha. “Foi um jantar muito elegante. Foi o Fábio Faria com a noiva dele, Patrícia Abravanel, filha do Silvio Santos, o Robinson faria com a esposa dele, nós todos com as nossas esposas para tratarmos de propina”, disse. “Até bacana, né? Todo mundo com as esposas junto”, acrescentou, ironicamente.
À época noivos, Patrícia e Fábio se casaram em abril de 2017. Patrícia Abravanel é apresentadora do SBT. Procurada, a emissora disse que “não comenta sobre vida pessoal de seus funcionários”.
JBS queria concessão de água e esgoto O diretor da JBS afirma que o grupo tinha interesse, como contrapartida, em assumir a concessão de água e esgoto do estado. “Nós falamos com ele (Robinson): ‘No Rio Grande do Norte nós temos um interesse muito grande, desde que você privatize…’ Nós já tínhamos feito um estudo das empresas que estavam quebradas de companhia de água e esgoto e que poderíamos comprar, desde que nós participássemos do edital para facilitar. […] ‘Se nós fizermos o edital, participarmos do edital, já tem uma parte do dinheiro que o Kassab vai te dar, vai doar para você, assim como está doando para o Raimundo Colombo (governador de Santa Catarina), e nós complementamos aqui, fazemos você ganhar a eleição”, conta Saud.
O acordo teria sido firmado no jantar. Saud relata pagamento em dinheiro vivo e notas fiscais dissimuladas. “Algo em torno de 10 milhões”, afirma, sem especificar a moeda.
O diretor prossegue dizendo que Fábio Faria, companheiro de Patricia Abravanel, “mudou-se” para a sede da empresa J&F para fazer mais pedidos: “Pagando a gente estava, mas ele ia para pedir mais, falar que “lá [no RN] é tudo de vocês, se vocês quiserem assumir o governo, a gente precisa ganhar a eleição’. Um negócio até indigesto”, relata o delator.
Apesar de ter pago a propina, o grupo empresarial não cobrou sua contrapartida, segundo a versão de Saud.