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Fumaça de incenso pode ser mais tóxica que a de cigarro, alerta pesquisa

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Manaus –  Em breve, as embalagens de incenso podem vir com advertências do Ministério da Saúde bem parecidas com as que encontramos hoje nos maços de cigarro. Ao menos é o que se pode deduzir de uma pesquisa inédita realizada pela Universidade de Tecnologia do Sul da China, publicada nesta segunda (24) no periódico Environmental Chemistry Letters. O estudo avaliou os riscos à saúde proporcionados pelo uso de incenso em ambientes fechados e também fez uma comparação com os efeitos do cigarro no organismo.

Já se sabia que o processo de queima do incenso libera partículas no ar que podem ser inaladas e provocar reações inflamatórias nos pulmões. Mas desta vez, os pesquisadores chegaram a resultados ainda mais surpreendentes. Os testes com as duas fumaças foram feitos em amostras de bactéria Salmonella e em células do ovário de hamsters chineses.

A fumaça resultante do incenso se mostrou mais tóxica em três aspectos: ela é mais mutagênica, ou seja, suas propriedades químicas podem causar mutações genéticas no DNA; ela também é mais citotóxica e genotóxica, causando maiores danos às células, sobretudo ao material genético. Todas essas toxinas estão relacionadas ao desenvolvimento de câncer.

As quatro amostras de incenso testadas eram feitas à base de sândalo e agar e continham ao todo 64 compostos. A maioria deles só provoca irritações ou são levemente danosos, mas ingredientes contidos em duas das amostras eram altamente tóxicos. Vale frisar que o estudo foi feito em parceria com uma empresa de tabaco chinesa, o que já levanta algumas suspeitas sobre sua credibilidade. O conteúdo do artigo, entretanto, aparenta ser isento.

Para o líder da pesquisa, Rong Zhou, ainda não é possível concluir que a fumaça de incenso é mais tóxica que a de cigarro, pois a amostra avaliada é muito pequena se comparada com a imensa variedade de produtos disponível no mercado. O fato de que não se fuma incenso também deve ser levado em consideração.

Mas para ele, esta é uma oportunidade de ampliar o debate sobre o assunto, que até então não recebeu grande atenção nem por parte da sociedade, nem da comunidade científica. “Claramente, deve haver uma maior conscientização e manejo dos riscos à saúde associados com a queima de incenso em ambientes internos”, disse Zhou em um comunicado à imprensa.

Por revista Galilleu.

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