AMAZONAS – A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) denunciou que a Terra Indígena Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, está sendo invadida por garimpeiros ilegais que estão abusando de mulheres nas aldeias.
A organização afirma que os invasores levaram bebidas alcoólicas com produtos tóxicos e praticaram abuso sexual, colocando em risco vidas de indígenas isolados e de recente contato.
“Garimpeiros invadiram a comunidade para realizar festa regada a gasolina com água e álcool etílico com suco, oferecido aos indígenas. Além disso, há relatos de crimes sexuais cometidos contra as mulheres indígenas”, informou a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), nesta quarta-feira (20) por uma rede social.
O Centro de Trabalho Indigenista (CTI), organização que atua em parceria com povos indígenas há mais de 40 anos, divulgou relatos anônimos de indígenas que presenciaram a ação dos criminosos ambientais.
“Garimpeiros estão fazendo festa até o amanhecer e dando álcool para os parentes. Temos os parentes Tyohom-dyapa de recente contato, isso é preocupante”, contou uma liderança da aldeia invadida, chamada Jarinal, localizada no alto curso do rio Jutaí e lar de indígenas Kanamari e Tyohom-dyapa.
“Eles misturaram gasolina com água e deram para os parentes. Fizeram eles beberem gasolina”, complementa outro morador.
Segundo o CTI, moradores da Jarinal alertaram parentes de outras aldeias via áudios de WhatsApp. Eles também informaram a Fundação Nacional do Índio (Funai), o Conselho Indígena dos Kanamari do Juruá e Jutaí (Cikaju) e a Associação dos Kanamari do Vale do Javari (Akavaja).
Outro relato divulgado pelo CTI é de uma liderança Kanamari, que recebeu os pedidos de ajuda. “Eles chegaram sem autorização de ninguém, foram invadindo, fizeram festa na aldeia e embriagaram os parentes”, contou o indígena, que não teve a identidade divulgada por medo de represálias de garimpeiros.
Na mesma região, mineradores ilegais já haviam sido expulsos por uma operação policial há três anos. A ação da Funai, do Ibama e da Polícia Federal destruiu 60 balsas de garimpo.
O temor é que a invasão possa agravar novamente a saúde dos moradores da Jarinal. Segundo o CTI, eles enfrentaram recentemente um cenário de elevação da mortalidade infantil.
A Funai e o Ministério Público ainda não manifestou quais as providências que serão tomadas.