SÃO PAULO | O guarda municipal Cicero Hilário Roza Neto, de 36 anos, viu sua imagem ganhar destaque nos noticiários após ser humilhado por um desembargador na cidade de Santos, litoral de São Paulo. A cena foi vista, inclusive, pelos filhos adolescentes do próprio guarda, que se sentiram mal ao verem o constrangimento enfrentado pelo pai.
“Eu me senti humilhado diante dos meus filhos de 10, 15 e 17 anos. Como eu explico o que aconteceu para eles? Sempre tiveram muito orgulho do meu trabalho. A menina de 15 anos chorou. É muito difícil para mim saber que eles viram esse vídeo”, desabafou ele.
Nas imagens, o desembargador, que se identificou como Eduardo Siqueira é abordado por Cicero, que pede “por favor” para que o homem coloque a máscara. Eduardo é informado sobre o decreto, mas diz que o ato “não é lei” e se recusa. O guarda, então, desce do carro para aplicar a multa. Eduardo afirmou que já havia recebido uma infração: “Amassei e joguei na cara dele. Você quer que eu jogue na sua também?”, questiona.
O uso do equipamento de proteção contra o coronavírus é obrigatório na cidade por meio do decreto nº 8.944, de 23 de abril de 2020, assinado pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Descumprir a medida gera multa de R$ 100.
Apesar da rispidez proferida pelo desembargador, Hilário se manteve calmo Hilário e disse que não teve “um pico de nervoso”, porque “não chegaria no mesmo nível que ele”. Ele ainda completou que não se sentiu intimidado com o desembargador porque sempre vai “cumprir o meu papel e pronto”.
A Prefeitura de Santos se manifestou sobre o ocorrido por meio de uma nota de repúdio e afirmou que não é a primeira vez que o desembargador é multado pela rejeição ao uso de máscara.
“A Prefeitura de Santos é veementemente contra qualquer ato de abuso de poder e, por meio do comando da GMC, dá total respaldo ao efetivo que atua na proteção do bem público e dos cidadãos de Santos”, declarou o órgão municipal.