MANAUS (AM) – O supermercado DB voltou a constranger pessoas com deficiência (PCD) em suas unidades. Após praticar capacitismo com uma professora que tem baixa visão, barras de ferro que impedem o acesso de cadeirantes foram instaladas logo na entrada do DB da avenida Coronel Teixeira, no bairro Ponta Negra, Zona Centro-Sul de Manaus.
Imagens feitas nesta sexta-feira (10) mostram que uma pessoa que usa cadeira de rodas fica impossibilitada de sequer entrar no local. Além disso, os próprios consumidores precisam sair com várias sacolas nas mãos porque o carrinho de compras não consegue sair também das dependências do supermercado.
Um leitor que fez o flagra da situação informou que quem vai de transporte de aplicativo ou táxi conta com a ajuda do motorista para levar as sacolas até o carro ou pede para ele esperar.
Quem está sozinho e com muitas compras precisa levar tudo de uma vez só ou fazer várias viagens para conseguir levar todos os produtos. Mas, para quem é cadeirante, não existe nem a possibilidade de entrar.
Para a a advogada e vice-presidente da Comissão Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Ordem dos Advogados do Brasil, Nancy Castro Segadilha, a inclusão é um dever de todos tanto em lugares públicos quanto privados. De acordo com ela, estabelecimentos que nos tempos atuais não pensam que existem pessoas que usam cadeira de rodas estão tendo uma atitude discriminatória e violando os direitos humanos.
“É importante que os empresários estejam atentos e assegurem a acessibilidade a todos. Para isso, é necessário que seja garantido direitos fundamentais das Pessoas com Deficiência na área do consumo, tanto em meios físicos quanto remotos”, disse ela, citando a criação de rampas, corrimão e piso tátil, cumprindo as normas da ABNT 9050.
Ainda segundo a vice-presidente da Comissão, é importante que o direito seja garantido e que situações onde o direito de ir e vir estejam impossibilitadas sejam denunciados aos órgãos competentes como o Procon (Municipal e Estadual), o Ministério Público, a Delegacia especializada do Consumidor – DECON e também os conselhos Municipal e Estadual dos direitos da Pessoa com Deficiência. “Essa ausência de adaptação é fruto da falta de fiscalização”, apontou.
Segundo caso
No mês passado, a artista amazonense e professora Ananda Guimarães, de 25 anos, foi constrangida em uma unidade do Parque 10. Ela foi vítima de capacitismo, quando sofreu preconceito por não “aparentar” ter deficiência. Um consumidor duvidou que ela poderia estar na fila preferencial e um funcionário, ao ver a confusão, não fez nada.
Ananda é portadora da doença de Stargardt, uma degeneração da mácula com perda de visão progressiva, então tem baixa visão e tem direito de estar na fila para PCD, idosos, gestantes e crianças com bebê no colo. No entanto, teve o direito violado.
A reportagem tenta contato com o supermercado DB para ser informado sobre o motivo da instalação das barras de ferro.