Brasília – O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que os homens procuram menos os serviços de saúde porque “trabalham mais” que as mulheres e “são os provedores” da maioria das famílias.
A declaração ocorreu nesta quinta-feira após o lançamento de uma pesquisa feita pela ouvidoria da Pasta em 2015, por telefone, com 6.141 homens cujas parceiras fizeram parto no SUS (Sistema Único de Saúde). Desse total, 31% afirmaram que não têm o hábito de ir às unidades de saúde para buscar auxílio na prevenção de doenças.
Apesar da declaração do ministro, dados do IBGE indicam que as mulheres trabalham mais do que os homens. Em 2004, as mulheres trabalhavam quatro horas a mais que os homens por semana, quando se soma a ocupação remunerada e o que é feito dentro de casa. Em uma década, a diferença aumentou mais de uma hora. Em 2014, a dupla jornada feminina passou a ter cinco horas a mais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Nestes dez anos, os homens viram sua jornada fora de casa cair de 44 horas semanais para 41 horas e 36 minutos. A jornada dentro de casa permaneceu em 10 horas semanais.
Questionado sobre os motivos que levam a esse cenário, Barros respondeu se tratar de “uma questão de hábito, de cultura, até porque os homens trabalham mais, são os provedores da maioria das famílias e não acham tempo para se dedicar à saúde preventiva”. Em seguida, afirmou que “é uma cultura que precisa ser modificada”. “Quem precisa acha tempo”, disse. Apesar da justificativa de que os homens “trabalham mais”, dados da pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde mostram que o horário de funcionamento das unidades de saúde foi apontado por apenas 2,8% dos homens como motivo para não irem aos serviços de saúde.
A maioria, ou 55%, justifica que “nunca precisou”, ou seja, que procura mais somente em casos urgentes e não para prevenção e cuidados contínuos.