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Após 21 anos de debate, Igreja anglicana libera casamento de pessoas do mesmo sexo no Brasil

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Brasília –  Após 21 anos de debate, a Igreja anglicana no Brasil autorizou a realização de casamento entre pessoas do mesmo sexo. A resolução foi tomada em Brasília no dia 2 de junho, em uma assembleia-geral com os representantes da religião pelo país. Foram 57 votos a favor, 3 contrários e 2 abstenções. As informações são do G1.

Para valer, no entanto, a nova regra precisa ser aprovada por cada uma das nove dioceses, que funcionam com autonomia. A primeira a dar a largada foi a diocese de Porto Alegre (RS). Brasília deve bater o martelo sobre o assunto em 1º de setembro, dia da próxima reunião local.

Segundo o bispo da capital federal, Maurício Andrade, a tendência é de que o casamento homoafetivo também seja aprovado em Brasília. Ainda assim, ele disse não acreditar que a medida seja unanimidade em todo o país. “Vai haver rejeição, e não cabe recurso. Mas nada impede que uma diocese reveja suas decisões no futuro.”

“O importante é registrar que isso não aconteceu do nada. Em 2013, ficou aprovado que teríamos de trazer uma decisão sobre o assunto nos próximos quatro anos. O que a Igreja fez foi intensificar a reflexão biblico-teológica de acolhimento de todas as pessoas.”

A permissão para o casamento gay é mais uma atitude considerada vanguardista da Igreja anglicana no Brasil. Entre outros pontos, ela não traz a imposição de celibato. Além disso, há 33 anos tem mulheres na ordenação. Cada um desses temas foi alvo de debate interno antes de serem aprovados. “Reflexão” é o termo usado pelo grupo.

Imagem da assembleia em que foi aprovada autorização para casamento LGBT no Brasil em igrejas anglicanas (Foto: Reprodução)

Vanguarda

Esta é uma marca da Igreja anglicana, que se orgulha de ser gerida de forma descentralizada. Por exemplo, o casamento gay já é autorizado nos Estados Unidos e no Canadá. No entanto, ainda não é no Reino Unido, berço da religião.

Com a experiência de 15 anos liderando a Igreja em Brasília, o bispo Maurício Andrade afirma enxergar essas medidas com naturalidade. “Nós temos a ação de acolher as pessoas como elas são. Sem nenhuma exclusão. Temos a compreensão de que todas as pessoas são parte dessa extensão do amor de Deus.”

Bispo da Igreja anglicana em Brasília, Maurício Andrade (Foto: Gabriel Luiz/G1)

Segundo ele, deve existir, sim, uma preocupação em rever alguns conceitos ultrapassados. “A revelação da Bíblia foi em um contexto, uma realidade que a gente precisa atualizar. O problema é que atualizam para muitas coisas, mas para outras, não. Existe uma seletividade, o que faz com que muitas vezes as igrejas reforcem o sentimento de culpa nas pessoas.”

“Hoje a Bíblia serve para tudo. É usada para dizer o que quiserem.”

Ele exemplifica: “No Velho Testamento, há trechos que mandam cortar a mão de quem rouba. Vamos cortar a mão de alguém hoje? Não”.

Igreja Anglicana, em Brasília (Foto: Káthia Mello/G1)

A Igreja anglicana está em Brasília há 58 anos. A sede, na 309/310 Sul, é o segundo templo mais antigo construído na capital – só fica atrás da Igrejinha, da 307/308 Sul. A comunidade local é constituída por cerca de 50 famílias. No Brasil, desde 1890, os cultos são em português.

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