Gleici, estudante de psicologia, era a única da casa com um emprego fixo, sendo a responsável pelo sustento da mãe (Vanuzia Damasceno), dois irmãos, um cunhado e uma sobrinha de 3 anos. Vanuzia trabalhava como babá, mas foi dispensada — as faltas para ver a filha disputar o paredão no Rio de Janeiro ficaram insustentáveis para sua patroa. Já Agleuson, irmão mais velho da acriana, consegue bicos esporádicos limpando ar condicionado. “Com a minha indenização eu consigo comprar algumas coisas na feira, mas quando falta algo, os meninos (amigos de Gleici) se juntam para ajudar”, diz Vanuzia a VEJA.
Amigos e vizinhos também dividem a mensalidade de uma operadora de televisão, para que a família possa acompanhar o dia a dia da filha no confinamento. O mesmo acontece com a banda larga. “Antes do programa, a família da Gleici não tinha internet em casa”, explica Maikon Amorim, amigo da estudante e responsável por suas redes sociais enquanto ela está no confinamento.
A rede de dados, no entanto, chega com uma velocidade tão reduzida ao bairro onde vivem que deixou dona Vanuzia de fora das primeiras edições do quadro Família BBB. “A produção do programa não conseguiu instalar a câmera para gravar a reação dos parentes dos participantes diante dos acontecimentos do reality show”, contou Maikon.
Apesar de Gleici já ter ganhado 10.000 reais, além de brindes e o “salário” que recebe por participar do programa (cerca de 500 reais por semana), sua família ainda não viu a cor do dinheiro. “O que eles pagam só vai ser liberado quando ela sair do programa”, explica a mãe da jovem. As viagens e estadia no Rio de Janeiro para acompanhar o paredão, por sua vez, são custeadas pela Rede Globo.
“Não sei como vai ser a nossa vida após o programa”, confessa Vanuzia. “Se ela ganhar o 1,5 milhão de reais, acho que não vou precisar trabalhar. Mas se não, a vida segue também”.
Crédito fotográfico: (Odair Leal/VEJA.com)