De acordo com o portal da Funai, o “Índio do Buraco” é o último sobrevivente de uma tribo isolada que, depois de sofrer inúmeros ataques de fazendeiros e exploradores locais de madeira, foi expulsa de suas terras e acabou extinta. O último ataque ocorreu em 1995, quando a tribo se resumia a apenas seis pessoas.
Ao localizar acampamentos indígenas e outros vestígios, a Funai tomou conhecimento da tribo e seu último descentende em 1996. Segundo a Fundação, houve tentativas de contato, que foram paralisadas quando os especialistas se deram conta de que o “Índio do Buraco” preferia estar isolado. Sua movimentação é monitorada de longe.
Em alguns momentos, foram deixados para ele ferramentas e sementes que lhe poderiam ser úteis. Segundo o portal da Funai, em 2012, foram encontradas roças de milho, batata, cará, banana e mamão plantadas pelo indígena, que se alimenta desses produtos e da caça.
O trabalho de acompanhamento do “Índio do Buraco” se dá na Terra Indígena Tanaru pela Frente de Proteção Etnoambiental Guaporé, unidade da Funai responsável por monitorar a ocupação e proteger essa área. A Funai monitora também várias tribos isoladas na região Amazônica, de forma a prevenir qualquer contato de outras pessoas com eles, que poderiam causar mortes e até a extinção total da etnia.
“Quando há a presença confirmada ou possível de povos indígenas isolados fora de limites de terras indígenas, a Funai se utiliza do dispositivo legal de Restrição de Uso (interdição de área), visando a integridade física desses povos em situação de isolamento, enquanto se realizam outras ações de proteção e tramitam processos de demarcação de terra indígena”, informa a Fundação em seu portal.
Essas ações de proteção estão amparadas no artigo 7.º do Decreto 1775/96; no artigo 231 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988; e no artigo 1.º, inciso VII da Lei nº 5371/67.
Herói de livros e filmes
A história de um homem isolado de outros humanos na selva, como a do “Índio do Buraco”, tem fascinado leitores e cinéfilos há mais de 100 anos. Embora fictícia, a narrativa sobre menino inglês criado por gorilas na selva africana estourou em vendas ao ser publicada em uma revista em 1912. Dois anos depois, a estória escrita pelo americano Edgard Rice Burroughs foi editada como livro, com o título de “Tarzan dos Macacos”. No total, Burroughs escreveu 24 livros com o mesmo protagonista até meados da década de 60.
No cinema, houve pelo menos 49 versões. A primeira delas, ainda na fase do cinema mudo, foi em 1918. O mais profíquo intérprete de Tarzan foi o nadador americano Johnny Weissmuller, que celebrizou seu grito de chamado aos animais da selva e a simplória expressão “eu, Tarzan; você, Jane”. Weissmuller estrelou ainda a versão concorrente, “Jim das Selvas”, com 16 filmes, e uma série de televisão sobre o herói original.