Brasília – Morreu, aos 77 anos, o engenheiro eletrotécnico Nélio José Nicolai, inventor do Bina, sistema identificador de chamadas de telefones. O mineiro que adotou Brasília como sua casa foi sepultado nesta quinta-feira (12/11), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.
Longa jornada de processos
Nicolai chegou a ganhar três ações em primeira instância e uma em segunda. Em 2012, recebeu, da operadora Vivo, o que considerava um “valor irrisório”, após uma decisão judicial da 2ª Vara Cível de Brasília. Por contrato, ele não divulgou os valores. Se vencesse os recursos que as empresas usam para protelar a decisão final, receberia uma quantia bilionária. Estima-se que ele ganharia aproximadamente R$ 10 por cada um dos quase 300 milhões de aparelhos celulares ativos no Brasil.
Em junho de 2016, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) decidiu, em segunda instância, voltar o processo que Nicolai movia contra a Vivo para sua fase inicial. A ação contra a empresa era de aproximadamente R$ 5 bilhões — é o processo com a maior causa de indenização sobre propriedade industrial dos tribunais brasileiros, o que faria do inventor um dos homens mais ricos do país. Na época, o TJ reconheceu o recurso da operadora, que pediu uma nova perícia técnica no processo. Nicolai morreu sem ver a conclusão do processo na Justiça.
O Bina, especificamente, tem um certificado e uma medalha de ouro do World Intellectual Propriety Organization, que reconhece e recomenda a patente, além de um selo da série Invenções Brasileiras, concedido pelo Ministério das Comunicações. Nicolai tem ainda outras 40 patentes registradas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), com as mais variadas funções, desde leitores óticos para deficientes visuais até sistemas de proteção contra clonagem de cartões de crédito.
Com informações Correio Braziliense / Crédito fotográfico: Pedro Ladeira/AFP