MANAUS (AM) – Mudando o tom, quando era defensora do “fica em casa”, a deputada estadual Joana Darc (PL) resolveu aglomerar em bloco de Carnaval na boate All Night, na noite desta terça-feira (2). Apesar dos casos de Covid-19 e mortes terem diminuído em Manaus, a parlamentar aproveitou o quanto pôde enquanto os eleitores mais pobres tiveram que ficar em casa, já que o Governo do Amazonas não liberou blocos de rua e o Carnaval no Sambódromo.
Nas redes sociais, ela publicou várias fotos e stories ao lado do marido e de amigos. Todos estavam sem máscara e a festa estava superlotada. No entanto, o ambiente era climatizado, com as melhores bebidas e várias bandas. Ou seja, só pra quem pode – e não para a maioria dos seus eleitores.
Em foto publicada no Instagram, a deputada falou antes de entrar na festa: “Não que eu vá, mas hoje é aonde? #carnaval2022”, escreveu ela, na legenda onde aparece produzida e pronta para “festar”.
A autorização para esse tipo de evento veio com a diminuição na taxa de internação por Covid-19, mas, mesmo assim, o Governo proibiu os eventos de grande massa para evitar a propagação da variante Ômicron, que chegou a causar recorde de número de casos no final de 2021, deixando todos em alerta.
A realização, no entanto, deveria seguir os protocolos sanitários recomendados, entre eles o número de participantes. A capacidade deveria ser de 50%, com limite de mil pessoas. No All Night, o local estava tão cheio que uma fila do lado de fora foi formada para que todos conseguissem entrar. Mesmo assim, não foi registrada fiscalização dos órgãos competentes e a casa funcionou normalmente.
Horas depois, policiais militares da Ronda Ostensiva Cândido Mariano Rocam (Rocam) bateram no local, mas não por causa de aglomeração ou descumprimento de decreto.
Quatro homens com menos de 30 anos foram presos após denúncias de que eles estavam armados e circulando pelo bloco. Quatro pistolas e dois revólveres foram apreendidos com eles, que foram levados ao 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP). De acordo com a polícia, entre os detidos já havia passagem pelos crimes de homicídio e tráfico de drogas.
Processo de cassação
Na próxima terça-feira (8), a deputada retorna à Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e, apesar de aparentar felicidade, vai voltar enfrentando um mandato conturbado. Ela é alvo de um processo de cassação após acusar os colegas de venderem votos na casa.
O fato aconteceu em dezembro de 2020, quando Joana pegou o microfone na Tribuna da Casa e aos berros acusou os colegas de venderem os votos por R$ 200 mil. Tudo isso após o deputado Roberto Cidade ser eleito presidente da Aleam.
Ela disse que os colegas receberam propina e que não precisava provar nada, por ter “imunidade parlamentar”. A CCJR (Comissão de Constituição, Justiça e Redação) da Assembleia Legislativa do Amazonas teve dificuldades de intimar a deputada. Na época, o presidente da CCJR, Péricles do Nascimento (PSL), disse que Joana estava “se escondendo”.
Em seguida, Joana voltou à Tribuna onde pediu desculpas e disse que mentiu. Ela negou saber sobre pagamento de propina. No entanto, as relações ficaram estremecidas entre elas e os colegas. A parlamentar será candidata à reeleição este ano.