Brasília – O jogo da Baleia Azul — aquele que incita crianças e adolescentes a cumprir uma sequência de 50 desafios, sendo o último deles o suicídio — tem despertado a preocupação de pais e autoridades do Brasil e do mundo. Nesta quarta-feira (19/4), a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados aprovou o requerimento do deputado Sandro Alex (PSD-PR) para a realização de uma audiência pública sobre o tema.
“Eu estou acompanhando esse assunto. Há alguns dias vêm acontecendo fatos relevantes relacionados a ele. Mas nas últimas 24 horas isso piorou de forma assustadora. Já recebi informação de que foram registrados oito casos em Curitiba (PR) e o prefeito [Rafael Greca] convocou a Segurança Pública para fazer uma força-tarefa. Também temos notícias de registros em outros estados e soube que há no YouTube 25 mil vídeos com mutilação de crianças e adolescentes. Então eu pensei: ‘precisamos trazer isso para o debate”, afirmou Sandro Alex ao Correio.
O parlamentar acredita que o jogo Baleia Azul será analisado pelas comissões de saúde e educação da Casa. Mas, na avaliação dele, também seria importante convocar um debate no âmbito das telecomunicações. “Eu comecei a pensar como esse jogo chega às crianças. Descobri que elas recebem convites via Facebook Messenger e WhatsApp e quando clicam, ficam reféns de quem está por trás disso, e começa a receber ameaças. E o que essas empresas estão fazendo? Elas têm controle sobre isso? Estão denunciando?”, questionou o deputado.
Para a audiência, Sandro Alex espera contar com as presenças de representantes do Unicef (o Fundo das Nações Unidas para a Infância), do Facebook (que também controla o WhatsApp) e da Polícia Federal. A reunião ainda não tem data para acontecer, mas o parlamentar espera que ela seja realizada “o mais rápido possível”.
“Não é brincadeira, é algo sério. Já percebemos o tamanho do problema e ele é muito grave. Precisamos saber qual é o modus operandi, quem está por trás, o que a polícia está fazendo. Precisamos ter informações, porque o desconhecimento é o grande problema. Pais e mães não sabem o que está acontecendo e como isso chega até seus filhos. Todo mundo toma cuidado com as crianças nas ruas, mas os pais não sabem impedir uma ameaça que está dentro de casa, em uma plataforma teoricamente segura, que é o Facebook”, finaliza.
Como funciona o Baleia Azul
O jogo tem um curador ou moderador que distribui os desafios a partir de um grupo secreto onde os contatos são inciados pelo Facebook. Entre os desafios estão provas mórbidas que, de certa forma, preparam os participantes para o suicídio. São desafios típicos, por exemplo: escrever frases e fazer desenhos com lâminas na palma da mão e nos braços, assistir a filmes de terror de madrugada, subir no alto de um telhado ou edifício, escutar músicas depressivas, mutilar partes do corpo — como os lábios —, ficar doente, ir a uma estrada de ferro de madrugada, receber e aceitar uma data para a sua morte e, o último desafio, cumprir essa missão.
Com informações Correio Brazíliense.