Rio – A juíza estadual Angélica dos Santos Costa autorizou a polícia a fazer buscas e apreensões coletivas na favela Cidade de Deus, localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
A decisão desta segunda-feira, dia 21, ocorre após quatro policiais militares morrerem na queda de um helicóptero, durante uma operação contra o tráfico de drogas, na noite de sábado, dia 19. “Em tempos excepcionais, medidas também excepcionais são exigidas com intuito de restabelecer a ordem pública. Desse modo, deve ser admitida”, afirma a juíza Angélica em sua decisão. As quatro áreas dentro da favela onde ocorrerão as buscas foram delimitadas a partir de informações do setor de inteligência da polícia. Segundo a juíza, “os criminosos não se estabelecem em um único local, mas vão ocupando casas, inclusive de moradores de bem, ficando difícil apontar uma residência em específico”.
Após a queda do helicóptero, seis homens e um adolescente foram encontrados mortos em uma região de mata da Cidade de Deus. Moradores afirmam que eles foram executados por policiais – o que a PM nega. A polícia afirma apenas que ocorreu um confronto entre a facção Comando Vermelho, que domina a comunidade, e milicianos de uma região vizinha. Os dois grupos disputam o controle de território. Para a juíza, o Rio de Janeiro enfrenta uma verdadeira guerra, “havendo indícios de que até mesmo o helicóptero da PM teria sido abatido por criminosos pertencentes à facção dominante na Cidade de Deus”. “Não há como admitir reduto intocável de marginais sob o manto de defender direitos e garantias individuais”, afirmou Angélica.
A PM reagiu à queda do helicóptero com operações em outras favelas da cidade, também dominadas pela mesma facção que atua na Cidade de Deus. Quatro suspeitos foram mortos no Complexo da Maré, na Zona Norte, nesta segunda-feira. Os policiais afirmam que os mortos eram traficantes que estavam com três fuzis, uma granada e uma pistola austríaca. “Tamanho é o poder exercido pelas facções criminosas [como na Cidade de Deus] que os órgãos de segurança não conseguem mais conter seus avanços”, disse a juíza, que também decretou a prisão de nove suspeitos de traficar drogas na comunidade. Desde 2009, a favela possui uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que “não foi capaz de impedir a continuidade da atividade criminosa”, afirmou ainda a magistrada.
A Força Área Brasileira e a polícia ainda apuram o que provocou a queda do helicóptero. Numa primeira inspeção, não foram encontradas marcas de bala. Os traficantes usam fuzis com poder de atingir o alvo a 3 quilômetros de distância. O helicóptero estava a, no máximo, 600 metros de altura e procurava filmar os bandidos para transmitir à tropa que avançava em terra. Morreram no acidente o major Rogério Melo Costa, de 36 anos, o capitão Willian de Freitas Schorcht, de 37, o subtenente Camilo Barbosa Carvalho, de 39, e o terceiro-sargento Rogério Félix Rainha, de 39, que estava de casamento marcado para esta semana.
Com informações Revista Época.