SANTA CATARINA | À beira da BR-470, na cidade de Rodeio, em Santa Catarina, há um comércio de alimentos às margens da estrada que chama a atenção: não há funcionários no local e os próprios clientes pegam e pagam pelos produtos adquiridos, na base da honestidade.
No “Dr. Honesto”, é comum clientes escreverem um recibo ou deixarem um bilhete informando os itens adquiridos. Um deles chamou a atenção, devido ao apelo de uma mãe em um pedaço de papel.
“Olá, vim através deste bilhete que peguei algumas coisas para o café com os meus filhos. Mas não vou roubar, quando tiver [dinheiro], prometo devolver. Obrigada”, escreveu ela.
Renato Lagatta, presidente da Associação Beneficente Filantrópica Vida Nova, que mantém o comércio, relatou ao UOL a surpresa com o recado, ainda mais em um momento de crescimento da fome no Brasil, mas não sobre precisar o dia em que a mulher pegou os alimentos. Essa mãe, no desespero, pegou alguns itens e deixou aqui [o bilhete] para não passar por uma pessoa de má índole. Na nossa doutrina, estamos aqui para ajudar. Se a pessoa passa e não tem condição nenhuma [de comprar], está numa situação delicada, está valendo”.
A mulher não chegou a ser identificada, com exceção do que parecem ser as suas iniciais no bilhete (A.C.P.).
Apesar de tudo que tinha à disposição, ela levou dois pães, um pote de doce de banana e um pacote de cueca virada (orelha de gato), doce típico da região, também conhecido por cavaquinho. As compras totalizariam cerca de R$ 30.
O recado acabou mobilizando reações. Ontem, uma mulher passou pelo local e fez uma doação em dinheiro, além de deixar um aviso. “Aqui é para ajudar o que a mãe pegou para alimentar sua família”, escreveu uma pessoa identificada apenas como Lia.