MANAUS (AM) – A manauara Josiane Lima denunciou que sofreu preconceito e por isso perdeu a guarda do único filho, de apenas 1 anos, após decisão da justiça por conta de sua profissão: aeromoça. A mulher contou que é comissária de voo há 10 anos e que o pai, com quem não se relaciona mais, pediu o direito de ter a guarda unilateral usando o argumento de que ela trabalha fora.
“Sendo que sempre viveu comigo, sempre arquei com as despesas e a forma que ele foi retirado de mim foi de forma violenta. Sofri violência doméstica, ele escondeu meu filho por 20 dias, inclusive no Dia das Mães fiquei implorando pra ver meu filho”, disse Josiane, que registrou um Boletim de Ocorrência (BO) sobre a situação.
A comissária disse que atualmente mora em Maringá, no Paraná, para ficar perto do pai do filho e que mesmo assim o homem não quer compartilhar a guarda. “Confiei na justiça, mas dois juízes na decisão disseram que a minha profissão me impedia de ficar com a criança. Em pleno século 20 usaram esse argumento”, disse ela.
Josiane explicou que a mãe mora com ela e que a avó materna cuidaria do bebê enquanto a comissária estivesse trabalhando. “O pai quer deixar o dia inteiro numa creche, com estranhos. Só posso ver meu filho por apenas 3h e nunca fiquei tanto tempo separado dele”, lamentou ela.
A mãe disse que não sabe mais para quem recorrer e que viu na decisão o preconceito contra a profissão, já que na decisão é apontado que “a rotina de trabalho da ré não permite que preste ao filho os cuidados diários”. Segundo ela, a informação não é verdadeira, já qu sua jornada seria adaptada como acontece com outras mães que trabalham na aviação e que o filho sempre foi cuidado por ela.
O Sindicato dos Aeronautas se manifestou sobre o caso: “Na legislação que regula a atividade profissional de pilotos e comissários de voo, existem diretrizes específicas para possibilitar e coadunar o exercício profissional com a maternidade”, diz trecho da nota.
“A Convenção Coletiva de Trabalho da aviação regular atualmente em vigor prevê um regime de trabalho diferenciado e específico para aeronautas em retorno de licença maternidade, o que é conhecido como ‘escala mãe’. Além disso, as empresas aéreas podem determinar outros programas complementares em suas políticas internas para criar um ambiente de trabalho inclusivo e facilitar a conciliação entre a maternidade e a carreira de suas tripulantes. A conscientização da diversidade e da igualdade de gênero na aviação é um processo contínuo. O SNA é contra práticas discriminatórias que limitam o avanço profissional das tripulantes e repudia quaisquer preconceitos que reforçam a violência contra as mulheres”, finaliza a nota de posicionamento.