Rio de Janeiro – RJ| A Estação Primeira de Mangueira em 2020 terá o samba enredo ‘A Verdade os Fará Livre’, trará não a história do Jesus bíblico e seu martírio, mas sim uma indagação sobre como seria a volta do Cristo hoje, em um contexto de tanta intolerância, preconceito, violência e perseguição. As fantasias verdes e rosas da escola de samba Mangueira ganham novas cores e representações. O desfile do grêmio carnavalesco promove as personagens Maria Madalena com cores do arco-íris e simbolizando a bandeira LGBT, e a Nossa Senhora das Dores, de preto pelo luto pela violência brasileira e com uma bandeira nas cores preta e rosa com “Estado Assassino” escrito no lugar de “Ordem e Progresso”.
As fantasias são propostas do figurinista e carnavalesco Leandro Vieira, que ressaltou em sua conta de Instagram que a ideia é representar o que verdadeiramente era defendido por Jesus Cristo, desde a defesa da tolerância até a humildade.
“Cristo sempre se colocou ao lado dos oprimidos, nunca dos opressores. E é esse, o princípio do enredo da Mangueira: Cristo como difusor da fraternidade e combatente da opressão. (…) O país que mais mata homossexuais no mundo é o mesmo país que se registra como sendo 90% cristão. Há nessa informação um dado no mínimo discrepante”, escreveu em seu perfil, em defesa à personagem da Maria Madalena, que frequentemente é associada ao pecado.
Sobre a personagem “Maria das Dores Brasil”, a proposta é simbolizar o sofrimento da “mãe do Cristo ‘original”, mas também abarcar as mães nas periferias do País que perdem seus filhos pela violência. “A fantasia, ‘Maria das Dores Brasil’ é (…) uma extensão do sofrimento de milhares de outras mães nas periferias brasileiras que tiveram filhos vítimas de políticas públicas de violência e despreparo”, ressaltou.