MANAUS – AM | Em uma coletiva do Governo do Estado dada nesta quarta-feira (15) sobre a atualização dos casos do novo coronavírus, o médico infectologista Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda afirmou o que muitos já sabiam: a cloroquina não possui eficácia comprovada no combate à doença.
Segundo ele, o medicamento pode ser tóxico para o coração e pode provocar efeitos colaterais gravíssimos, como arritmias e até mesmo paradas cardíacas, principalmente se administradas em doses altas.
Devido a piora no quadro clínico de alguns pacientes, que não reagiram como o esperado, o médico afirmou que o uso da medicação está sendo desestimulado.
Após a declaração, Marcus Lacerda, que atua na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), sofreu ataques de cunho político pelas redes sociais, não só pelas dosagens aplicadas aos pacientes ou pela decisão de suspender o uso da cloroquina, mas principalmente por sua preferência política.
A deputada federal Bia Kicis (PSL) compartilhou uma publicação em sua página oficial no Facebook, associando a decisão do médico à sua posição política.
Em pouco tempo os comentários se dividiram entre apoiadores e acusadores. Muitos internautas reprovaram a suspensão do remédio, que se mostrou eficaz em alguns tratamentos, afirmando que a decisão seria uma forma de contrariar as orientações do presidente Jair Bolsonaro, chegando a dizer que o uso do medicamento foi feito de forma irresponsável e criminosa.
Vale lembrar que as pesquisas com cloroquina e outros medicamentos, no tratamento de pacientes graves de coronavírus, continuam sendo feitas no Amazonas. “Essa maior dose (que era usada na China, nos estudos iniciais) foi suspensa, mas o estudo não. Nós continuamos estudando pessoas internadas no Delphina Aziz e acompanhando-as com a menor dose”, acrescentou.