São Paulo – Neta do usineiro alagoano João Lyra, até pouco tempo o deputado federal mais rico do Brasil, sobrinha de Thereza Collor e namorada de Yuri Gomes, filho do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), Maria Gabriela Mendonça de Lyra, 26 anos, cumpre todos os requisitos para integrar o seleto clube dos bem nascidos do País. Completa a lista de exigências seguir a linha “low profile” – discreta, a jovem não é habitué e de colunas sociais nem se envolve em polêmicas da alta sociedade.
Mas isso mudou quando seu nome foi parar no noticiário policial. Em 21 de abril, Gabriela foi presa em flagrante por furtar roupas em um shopping de luxo da capital paulista. Um episódio que parece desvelar a ruína de uma das famílias mais poderosas do País.
Era fim de tarde da quinta-feira, feriado nacional de Tiradentes, quando a jovem saiu da loja Animale, do shopping JK Iguatemi, sem comprar nada. Duas vendedoras deram falta de itens do mostruário e, desconfiadas, foram atrás dela. Encontraram Gabriela na praça de alimentação do centro de compras e acionaram os seguranças. Dentro de sua bolsa havia um vestido de couro branco e uma blusa de tricô preta. Somadas, as peças sairiam por R$ 4 mil.
A neta de João Lyra foi conduzida por policiais até o 14º DP de São Paulo, no bairro de Pinheiros, zona oeste da cidade. Foram apreendidos com ela um alicate de unha, uma tesoura e um canivete. Ao saber que seria presa, Gabriela passou mal e foi encaminhada ao hospital Sírio Libanês. Já recuperada, foi levada ao 89º DP, no Morumbi, onde ocupou uma cela especial, já que possui ensino superior: é formada em jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e já trabalhou em uma afiliada da Rede Globo no Estado.
Em frente à delegacia em que Gabriela estava presa, familiares faziam vigília. Alegavam que a moça sofre de uma grave depressão e toma remédios de tarja preta para controlar a doença.
O namorado, Yuri, tentou negociar com a loja para pagar as peças e evitar que a jornalista dormisse na cela, mas não teve êxito. Yuri é conhecido por ser um rapaz tranquilo, bem diferente do irmão mais velho, Cirinho, que já foi preso por porte de droga.
A agilidade do advogado contratado pelos Lyra resultou num habeas corpus e a moça pôde voltar para casa um dia após a prisão, com o pagamento de fiança. Na saída da delegacia, seu defensor disse que havia um engano, pois a jovem estava perturbada psicologicamente.
Os Lyra são um sobrenome poderoso em terras alagoanas, sinônimo de dinheiro, poder e política. Mas seu império está em decadência. O grupo João Lyra, que envolve cinco usinas em Alagoas e Minas Gerais, teve falência decretada em fevereiro de 2008. Em 2014, o presidente do grupo homônimo teve de renunciar à candidatura à reeleição para deputado federal. Na época, suas dívidas somavam mais de R$ 2 bilhões.
[impulsosocial] [impulsosocial_popup]