Recife – Minutos após a decisão do juiz Otávio Pimentel Ribeiro pela conversão em liberdade provisória da prisão em flagrante da esposa e do filho do médico cardiologista e advogado Denirson Paes da Silva, de 54 anos, por ocultação de cadáver, o caso teve uma reviravolta e a farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes, 54, e o filho, o engenheiro civil Danilo Paes, 23, foram presos preventivamente. Os dois devem ficar na Delegacia de Camaragibe até as 16h
“Não tenho dúvidas do envolvimento dos dois”, disse Carmem Lúcia, delegada responsável pelo caso. Foi ela quem apresentou o pedido de prisão temporária de mãe e filho, por homicídio, acatado pela juíza Marília Falcone, da 1ª Vara Criminal de Camaragibe. A decisão desta vez é relacionada à suspeita de assassinato. Carmem Lúcia disse que vai fazer mais perguntas a eles.
Os dois devem ficar na Delegacia de Camaragibe até as 16h. Depois disso, serão submetidos a exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), no Recife. Depois Jussara será encaminhada para a Colônia Penal Feminina Bom Pastor e Danilo Paes para o Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel). Eles terão que cumprir a prisão temporária de 30 dias, podendo ser renovada por mais 30 dias.
Durante audiência de custódia realizada na manhã desta quinta-feira (5), no Fórum de Jaboatão dos Guararapes, mãe e filho tiveram a prisão convertida em liberdade e foram isentados do pagamento da fiança de R$ 908 mil estipulada pela delegada Carmem Lúcia no momento do flagrante.
Decisão foi tomada com base no artigo 325, §1°, incisos I e II, do CPP, que diz que se o preso deixar de pagar a fiança por não ter condições financeiras para tanto, caberá ao juiz diminuir o valor da medida cautelar liberatória ou até dispensá-la.
Funcionária pública, Jussara é analista em saúde da Secretaria de Saúde de Pernambuco e tem um salário mensal de R$ 2.374,44, além de gratificação de desempenho de R$ 293,20, de acordo com informações levantadas no Portal da Transparência. Recém formado em engenharia civil, Danilo não trabalha.
Entenda o Caso
O desaparecimento do médico cardiologista Denirson Paes da Silva vinha sendo investigado há quase um mês. Em um Boletim de Ocorrência registrado no último dia 20 de junho sobre o desaparecimento do marido, a farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes, 54, alegava que a vítima teria viajado para fora do País e que não teria retornado. A delegada Carmem Lúcia desconfiou do envolvimento dos familiares e solicitou um mandado de busca e apreensão no condomínio em que eles moravam.
Para a polícia, há indícios suficientes da participação de mãe e filho na ocultação do cadáver do médico, encontrado nesta quarta-feira (4) dentro de uma cacimba na casa onde morava, no condomínio Torquato Castro, na Estrada de Aldeia, em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife. As investigações continuam a fim de esclarecer a motivação e a conduta de cada um.
Vizinhos do médico afirmaram que dois funcionários dele prestaram depoimento. Um deles teria afirmado que a esposa da vítima o chamou dias atrás para fechar, com cimento, uma cacimba que já estaria fechada com uma tampa “bastante pesada para ser carregada por uma pessoa só”. O homem teria notado um mau cheiro, mas a farmacêutica alegou que um gato tinha morrido dentro da cacimba.
O segundo funcionário contou à polícia que o médico, pouco antes de desaparecer, tinha explicado a ele que não precisaria mais de seus serviços porque estaria se separando e iria morar no Recife.
Com informações Folha de Pernambuco